Eu terminei de ler o livro "Perfeitos" hoje. É o segundo de uma série que ainda não sei direito que nome tem, acho que é simplesmente Feios (confesso que odeio quando o nome da série é o mesmo que o título do primeiro livro. Porque não dá um nome diferenciado tipo Harry Potter ou A Mediadora?). Apesar da série ter quatro livros, eu já fiquei tonta de dúvidas, concepções e de profunda filosofia. Não porque o livro seja filosófico. Quer dizer, ele é. Acontece que sabe aquele livro que você devora na hora enquanto sua cabeça surta?
Pois é.
A premissa é quase igual à do filme Equilibrium... e a idéia-chave da coisa me faz lembrar também aquele filme chamado Os Invasores, o remake com a Nicole Kidman. A diferença é que em Equilibrium e Os Invasores, o ser humano é falho porque sente. Em Feios não: a humanidade é falha porque está fadada à isso. Enquanto ela tiver diferenças, imperfeições, conflitos, ela vai brigar. Então eles corrigem as pessoas por fora - através de cirurgias plásticas que são extremamente dolorosas e invasivas que envolvem desde corrigir o narizinho torto até remodelar os ossos - e por dentro que envolve, basicamente, manipular o cérebro. Como pode perceber, a série é ficção científica que acontece, pelos meus cálculos, daqui a uns três séculos. Eles sempre falam de duzentos anos atrás, algo do tipo. E eu imagino que em cem anos a gente teria aquele tecnologia e daria tempo da catástrofe acontecer. Definitivamente é um daqueles livros que te faz pensar "céus, porque não pensei nisso antes?" Pois é, o cara pensou e escreveu.
Tally, a personagem principal, é uma garota que vive programada para aquele mundo. Ela quer ser "perfeita", designação para todas as pessoas que passaram pela cirurgia. Devo dizer que fiquei pensando em um monte de coisa. Primeiro, eu gostei daquele mundo. Não foi quando eu assisti Equilibrium e ganhei repulsa de imediato porque era proibido escutar música e coisas do tipo, porque eram coisas que favoreciam a emoção, o sentimentalismo e tal. Em Feios, ninguém tem isso. A arte existe, é valorizada. O negócio não é a falta de sentimento. Mas sim um sentimento falso, como alguém que vive dia após dia procurando estar feliz e está feliz só porque essa é a ordem. Eu consigo imaginar colocando fogo no mundo de Equilibrium: ninguém gosta de ser forçado a tomar uma pílula todo santo dia. Ninguém gosta de viver em cidades que parecem bases militares. Mas aposto que a maioria das pessoas viveriam no mundo de Feios numa boa, mesmo com as lesões cerebrais e tudo o mais. Aposto que muitas pessoas abririam mão da individualidade humana se o mundo proposto fosse aquele: festas a noite toda, diversão garantida, nenhuma conta para pagar. E não é como se você fosse igual a todo mundo... é como se todo mundo fosse lindo e bêbado. É difícil ficar triste ou com raiva.
Eu estou, literalmente, na metade. Ainda não li Especiais e Extras. Mas eu fico pensando como será o final. Como podemos destruir uma sociedade sem oferecer uma alternativa em troca? O que poderíamos oferecer em troca desse mundo perfeito da série? Tally não pode ser uma agente contra o sistema, ela faz parte dele assim como eu faço parte da sociedade que vivo. Eu sou uma pessoa feminista em uma sociedade machista, anti-clerical em uma sociedade cristã, mas eu não estou à margem da sociedade. Eu vivo dentro dela como um câncer. Talvez essa seja a melhor definição para Tally Youngblood: ela é como um câncer cheio de pensamentos conflituosos dentro do mundo perfeito. Ela é como uma bomba que vai explodir a qualquer momento e atingir a todos que ama e odeia.
Apesar do livro ser todo cheio de tecnologia, não falta nenhuma emoção ou perfil psicológico. Não existe impessoalidade, aquela coisa chata de estarmos lendo uma coisa técnica, vazia, repleta de clichês científicos e bla bla bla. As relações entre as pessoas continuam importantíssimas, e as personalidades individuais trazem a graça. Acho que é a única obra de ficção científica que consigo ver completo sentido, que posso imaginar a nossa sociedade caminhando para aquele rumo. É bem inventivo como pranchas voadoras, nanoestruturas que destróem células cerebrais, buracos que cospem tudo o que você quiser, ausência de qualquer doença. Mas é real, é algo que você pode visualizar no futuro. Controle de natalidade, pessoas confinadas em reservas para estudos de antropologia, manipulações cerebrais, jogos de poder - é absolutamente tudo humano.
Porque não importa o quão cibernética seja a série... ela continua fantasticamente humana.
Pois é.
A premissa é quase igual à do filme Equilibrium... e a idéia-chave da coisa me faz lembrar também aquele filme chamado Os Invasores, o remake com a Nicole Kidman. A diferença é que em Equilibrium e Os Invasores, o ser humano é falho porque sente. Em Feios não: a humanidade é falha porque está fadada à isso. Enquanto ela tiver diferenças, imperfeições, conflitos, ela vai brigar. Então eles corrigem as pessoas por fora - através de cirurgias plásticas que são extremamente dolorosas e invasivas que envolvem desde corrigir o narizinho torto até remodelar os ossos - e por dentro que envolve, basicamente, manipular o cérebro. Como pode perceber, a série é ficção científica que acontece, pelos meus cálculos, daqui a uns três séculos. Eles sempre falam de duzentos anos atrás, algo do tipo. E eu imagino que em cem anos a gente teria aquele tecnologia e daria tempo da catástrofe acontecer. Definitivamente é um daqueles livros que te faz pensar "céus, porque não pensei nisso antes?" Pois é, o cara pensou e escreveu.
Tally, a personagem principal, é uma garota que vive programada para aquele mundo. Ela quer ser "perfeita", designação para todas as pessoas que passaram pela cirurgia. Devo dizer que fiquei pensando em um monte de coisa. Primeiro, eu gostei daquele mundo. Não foi quando eu assisti Equilibrium e ganhei repulsa de imediato porque era proibido escutar música e coisas do tipo, porque eram coisas que favoreciam a emoção, o sentimentalismo e tal. Em Feios, ninguém tem isso. A arte existe, é valorizada. O negócio não é a falta de sentimento. Mas sim um sentimento falso, como alguém que vive dia após dia procurando estar feliz e está feliz só porque essa é a ordem. Eu consigo imaginar colocando fogo no mundo de Equilibrium: ninguém gosta de ser forçado a tomar uma pílula todo santo dia. Ninguém gosta de viver em cidades que parecem bases militares. Mas aposto que a maioria das pessoas viveriam no mundo de Feios numa boa, mesmo com as lesões cerebrais e tudo o mais. Aposto que muitas pessoas abririam mão da individualidade humana se o mundo proposto fosse aquele: festas a noite toda, diversão garantida, nenhuma conta para pagar. E não é como se você fosse igual a todo mundo... é como se todo mundo fosse lindo e bêbado. É difícil ficar triste ou com raiva.
Eu estou, literalmente, na metade. Ainda não li Especiais e Extras. Mas eu fico pensando como será o final. Como podemos destruir uma sociedade sem oferecer uma alternativa em troca? O que poderíamos oferecer em troca desse mundo perfeito da série? Tally não pode ser uma agente contra o sistema, ela faz parte dele assim como eu faço parte da sociedade que vivo. Eu sou uma pessoa feminista em uma sociedade machista, anti-clerical em uma sociedade cristã, mas eu não estou à margem da sociedade. Eu vivo dentro dela como um câncer. Talvez essa seja a melhor definição para Tally Youngblood: ela é como um câncer cheio de pensamentos conflituosos dentro do mundo perfeito. Ela é como uma bomba que vai explodir a qualquer momento e atingir a todos que ama e odeia.
Apesar do livro ser todo cheio de tecnologia, não falta nenhuma emoção ou perfil psicológico. Não existe impessoalidade, aquela coisa chata de estarmos lendo uma coisa técnica, vazia, repleta de clichês científicos e bla bla bla. As relações entre as pessoas continuam importantíssimas, e as personalidades individuais trazem a graça. Acho que é a única obra de ficção científica que consigo ver completo sentido, que posso imaginar a nossa sociedade caminhando para aquele rumo. É bem inventivo como pranchas voadoras, nanoestruturas que destróem células cerebrais, buracos que cospem tudo o que você quiser, ausência de qualquer doença. Mas é real, é algo que você pode visualizar no futuro. Controle de natalidade, pessoas confinadas em reservas para estudos de antropologia, manipulações cerebrais, jogos de poder - é absolutamente tudo humano.
Porque não importa o quão cibernética seja a série... ela continua fantasticamente humana.
/Não preciso falar nada sobre meu abandono desse blog? Bem, blog é um hábito que você precisa cultivar. É preciso paciência, inspiração, tempo. E quando tenho um, não tenho outro. Nem tenho o que dizer...
6 comentários:
Quando fui deixar meu pai no aeroporto mês passado vi esse livro na estante e fiquei com vontade de comprar, mas eu já tinha prometido a mim mesma que tinha que comprar a última música primeiro, mas agora esse livro concerteza vai ser o próximo da minha lista.
Fiquei mto curiosa, quando eu tiver lido ele te digo o que achei.
Beijos ;*
Pela sua resenha essa serie parece muito com Admiravel Mundo Novo, que é um dos livros mais fantasticos que eu já li.
Vou anotar na minha lista de prioridades.
Sou eu mesma; Letícia andando aqui pelo seu blog...Acabei de ler Feios hoje!! AHh quero ler logo Perfeitos, gostei da comparação com o filme Equilibrium (que tá minha lista de filmes favoritos) espero que o segundo da serie seja tão bom quanto o primeiro. Bjs *-*
Eu estou louca para ler Feios e com a sua resenha deu mais vontade ainda.
Não sei por que mais nomes curtos e simples me atraem de mais!!
Quanto a distância do blog, acho que várias blogueiras estão passando por isso, inclusive eu mesma.
hehe'
É isso...
Beijos!
Saudades desse blog ):
Lunaaaaa, puts tem que atualizar mais o blog, e o post sobre HP que vc prometeu na DC que ia postar aqui?!? Eu adoro essa série, mas ainda estou muito P com ela. Como assim não tem os outros dois em portugues? E como assim não acho eles pra vender nem em ingles? T-T isso me deprime.
Bjss Marina
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