segunda-feira, 31 de maio de 2010

por que tem pessoas com medo de mim?



Eu sei que as postagens vem escasseando. Mas eu tenho que praticamente escolher entre fazer sempre posts longos e descritivos e posts curtos e sem graça. E nem sempre tenho assunto pra falar. Além de que eu preciso me envolver mais com a escola e com projetos que foram praticamente abandonados. Em relação à escola, tenho três trabalhos para fazer: um de biologia sobre genética (que vamos ter que ir numa escola e catalogar os alunos em quesitos 'AA' e 'aa'. Meu grupo ficou com 'nariz'. Nunca fiquei com tanta inveja do grupo que ficou com cabelos, cor dos olhos ou, o mais legal, tipo sanguíneo). Meu trabalho de português é fazer uma dramatização envolvendo o Romantismo. Estamos discutindo, por enquanto, a idéia de colocarmos mocinhas (já que temos umas seis garotas no grupo) do Romantismo no Inferno. Não me perguntem o motivo, só imaginamos que seria legal. E o trabalho de inglês é pra comparar Brasil com um país cuja língua oficial seja inglês em uma questão e a nossa é 'homofobia'. Único grupo que pegou esse tema. Eu queria ficar com "intolerância religiosa", mas minha colega insistiu tanto em "homofobia" e eu fui tão zen, que ficamos com homofobia mesmo. Foi bom, já tem dois grupos que vão tratar de intolerância religiosa.

Mas vamos parar de tratar dos assuntos de escola. Isso é uó, não é? Chego em casa depois de aula de matemática e ainda fico pensando na escola. Já me bastam os deveres de casa!

Sabe, vocês sabem que tenho uma mania incrível de jogar tempo fora em discussões inúteis, especialmente quando elas envolve religião. É como um imã: eu e religiosos que não suportam o ateísmo. Mas não é esse o ponto. O ponto é um vídeo que vi ontem com três caras falando um texto copiado item por item de um fórum religioso. Falava dos ateus. E eu me perguntei, durante o vídeo: eu deveria estar com medo por ser atéia?



Eu nunca fui realmente discriminada. Nunca sofri com uma professora estupidamente cristã que tinha especial atenção em mim como minha irmã. Nunca tive parentes amados que se achassem melhor do que eu porque acreditavam em algo como minha mãe. Eu nunca fui rejeitada em escolas, nunca apanhei de colegas, nenhuma mãe de alguma coleguinha achou melhor afastar seus filhos de mim. Eu sempre soube que ateísmo era uma posição esquisita na nossa sociedade, mas eu nunca conheci as suas consequências. Até entrar na internet.

Parece que as pessoas se soltam diante de um computador, não é? O que elas nunca diriam, elas dizem e em tom dez vezes mais cruel. Tudo o que elas pensam é exarcebado com frieza e maldade. Não há o tom das ironias, mas as palavras são como chicotes. E tudo o que eu faço, como atéia, é defender. Em todas as discussões religiosas que eu já tive (felizmente, pra mim, estou me mantendo mais ou menos afastada), não lembro de uma vez que eu ataquei ou tomei a iniciativa. Foram simplesmente defesas. A cada questionamento, eu rebatia. E eu percebia o real medo que muitas pessoas tem de nós, ateus.

Numa pesquisa feita pela Veja junto com outra organização, lembro-me, que somente 13% dos brasileiros votariam em um ateu pra presidente. Eu sempre duvido dessas pesquisas, porque penso que amostras são amostras, é diferente de 190 milhões. Mas mesmo assim. Só 13% em uma amostra? Realmente 87% não gostaria, de jeito nenhum, que um ateu fosse presidente, por mais honesto e bom que fosse? Eu jurava que FHC era ateu - se ele é, quer dizer que ele se fez de cristão? O que há de tão errado em não acreditarmos em alguma divindade? Não é que neguemos, não é que odiemos. Simplesmente não acreditamos.

Está tudo confuso.

Ateus não são satanistas. Não cremos em deuses, e nem nos diabos. Não louvamos nenhuma divindade. A Bíblia pode dizer que somos tolos e não fazemos nada de bom, mas certamente essas mesmas pessoas que pregam tais mentiras não recusariam ajuda de Bill Gates ou Brad Pitt. E esses mesmos adoram gritar que nós somos chatos, que questionamos as divinas regras religiosas, que blasfemamos e que é impossível termos algum respeito se não respeitamos igualmente. Que agora cristãos se sentem perseguidos. E eu digo:

Oi?

Oi que Bush declarou que EUA é uma nação sob Deus e que ateus não são cidadãos, mas mesmo assim somos nós os perseguidores? Oi que somos olhados com cara feia quando preferimos não rezar, mas somos as criaturas cruéis que perseguem os religiosos? Não somos todos bons, mas é tão estúpido pegar uma massa de gente que tem como única semelhança a descrença em qualquer divindade e generalizar como 'todos inteligentes' ou qualquer coisa do tipo. Grande parte dos ateus se acham, sim, mais sensatos do que os crentes por serem ateus. E os crentes se sentem ofendidos por isso. Mas eles também dizem que são mais felizes e completos porque tem o Nosso Senhor ao lado deles - não é a mesma coisa? Qual é a diferença?

Já vi muitas coisas. Já fui chamada, diretamente, de vários itens como:
• estúpida, tola, perdida, escrava do pecado (eu realmente adoro essa), orgulhosa, soberba, arrogante, satanista, vazia, oca, infeliz e tantos outros itens que nem lembro mais.

Sim, eu realmente fui chamada de "escrava do pecado". Muito interessante ler isso de uma criatura que não me conhece. Só me viu, pela primeira vez, no Orkut. Naquele específico tópico. E ela se achou com autoridade suficiente pra me intitular "escrava do pecado", além de "orgulhosa" e "soberba" simplesmente porque eu me declarei atéia. Mas é o clichê. Pessoas que não te conhecem, nunca te viram, nem sabem quem você é - e te classificam segundo os rótulos e considerações pessoais. É como alguém chegar pra mim e falar que, por eu gostar de mangá e anime, eu sou uma 'viciada em Japão' e automaticamente falo mais japonês que português, faço cosplay todo dia e não sei falar mais nada que não seja anime e mangá. Uma generalização estúpida baseada em uma parte tão pequenininha da sua vida!

As diferenças existem. Eu fui obrigada a conviver com crenças diferentes desde cedo. Fui católica, depois espírita, e depois wicca. Aliás, sofri mais preconceito quando fui wicca do que quando fui atéia (as pessoas insistiam em dizer que Wicca era uma congregação de servos do Satã, impressionante. E isso vindo de colegas, entre elas, uma garota que convivera comigo desde minha 2ª série e conhecia minha família. Como ela teve coragem de afirmar uma tolice dessas?). Minha família quase toda é católica, tem uns elementos espíritas e o meu trio (eu, mamma, irmã) é ateu. As únicas três atéias da família. Das três, eu fui a única que nunca teve problemas - na vida ao vivo - com isso.

Mas na web... pessoinhas que tem medo de ateus, não sintam medo da gente. A falta de uma divindade não faz com que a gente perca os princípios morais. Aliás, você tem princípios morais porque tem medo da punição eterna ou porque deseja a recompensa? Se for, eu que tenho que ter medo de você.


isso foi uma propaganda ateísta em Londres. Liderada por quem? Claro que foi pelo Richard Dawkins. Não, ele não é nosso pastor. Não, não damos dízimo pra ele. Ele é só um cara que resolveu criticar a religião, principalmente, o cristianismo. E não, nem todos os ateus vão com a cara dele.
P.S.: agradeço aos últimos comentários referentes à mudança. Deu pra perceber como cada pessoa encara isso. Achei bem construtivo ver quatro opiniões diversas em relação a isso (adoro quando os comentários são grandes, dá gosto de ler). E obrigada pela força, vamos ver como nossa vida muda. E espero, sinceramente, que mude - dessa vez de verdade. E aproveitando essa energia positiva, torçam pra eu ganhar um notebook até o fim do ano. Se a gente mudar de casa e qualquer coisa acontecer, quem vai ficar se computador sou eu #fail.

(considerando que não cai notebook do céu, mas fácil pra vocês torcerem pra eu passar a trabalhar. Sei que vai ser foda, mas trabalhar é a única maneira de eu ter itens como notebook e completar meu desejo de cursar na Unicamp, porque é impossível ser bancada em relação a isso).

sexta-feira, 28 de maio de 2010

lar doce lar


Minha família fala em se mudar.
E ao contrário das últimas cinco vezes que foi dito isso, parece que dessa vez é pra valer.

Acho que muitas pessoas entendem o que eu passo. Entendem que eu nunca tive uma casa que eu posso chamar de minha. Eu nunca tive o "meu" quarto - sempre dividi o quarto com minha mãe (por algum motivo desconhecido, eu divido com minha mãe e não com minha irmã como é o tradicional entre famílias.). Teve um certo período áureo que tive o meu quarto e durou, acho, uns cinco meses. Muitas pessoas que tem seu próprio quarto desde que nasceu nunca pararam para pensar no valor dele: é o lugar onde você tem a sua privacidade. Se você se sentir mal, você se tranca e pronto. Você estuda lá, você trabalha, desenha, escreve, pensa, chora e conversa com quem quiser. Um quarto é onde você é o líder, que comanda. Você pode trancar a porta e não permitir que ninguém entre. Você não precisa da permissão de ninguém pra estar ali. E você pode expulsar os intrusos. E pode organizar suas coisas como bem entender.

Talvez por isso que eu deseje tanto viver sozinha. Mesmo sabendo que sou do tipo preguiçosa que não levanta pra lavar a louça, eu sempre imagino como seria ter uma casa inteira minha. Eu encheria a parede de papéis com desenhos meus, músicas que eu gosto, matérias que gosto de reler, fotografias bonitas. Teria estantes de livros em todos os cômodos. Tocaria música pela casa inteira e ela seria desde rock dos anos 60 até o pop tipicamente Madonna - e MPB pra lembrar da minha mãe. Eu colocaria as fotografias que quisesse e só ligaria a TV quando eu quisesse. Eu teria que cuidar da minha comida e aprenderia a fazer arroz, feijão e tudo o que eu quisesse. Eu plantaria quantas flores quisesse. Eu faria de tudo. E mesmo que eu não pudesse fazer de tudo, eu ainda poderia me trancar dentro dele sem precisar dividir espaço.

Pessoas são necessárias em nossa vida, eu sei.
E viver com outras pessoas é importante em alguma parte, também sei disso.

Mas quando você vive 16 anos vivendo com muita gente e sem ter um espaço seu, meio que se enche disso. Eu me mudarei outra vez (moramos de aluguel por motivos difíceis de se explicar), não sei quando, nem pra onde. Se tivermos sorte, a gente se muda pra uma casa melhor (os aluguéis ficam mais caros a cada vez que mudamos) que vimos que fica do outro lado da cidade. E a cada mudança, eu aprendo que casas são apenas tijolos, ruas são apenas ruas e que o mercado imobiliário é indecente e louco. Como assim uma casa em plena reforma caindo aos pedaços custa a mesma coisa que uma casa toda bonitinha, com seis quartos? O aluguel só aumenta a cada ano, e essa casa que vivo não merece metade do preço que vale, ou seja, baita injustiça.

Além disso aprendi com a experiência de que você NUNCA deve se deixar levar por fotos. Você deve visitar a casa com o pior dos ânimos possíveis. Nada de alegria, esperança, animação - a chance de quebrar a cara direitinho é quase 100%. Casas perfeitas ou são impossíveis ou são caras demais, prepare-se para ter que consertar o chuveiro, a privada, dar um jeito nas baratas, ter vizinhos loucos, perceber que a maior janela é justo a que está emperrada e que o jardim está um lixo. Eu lembro de quatro mudanças que eu fiz e fiz, seguramente, outras três mudanças (porém vagas demais, porque eu era muito pequena).

Por ordem, as que lembro:

A primeira casa era legal. Era bem grande, mas eu era pequena demais, talvez ela fosse menor do que eu imaginava. Ela tinha um canteiro enorme nos fundos. Não era um jardim, e sim vários jardins. Eu adorava plantar flores, ficava comprando bulbos e sementes que vem em saquinhos de papel pra ver se vingava. Tinha muitas rosas e minha irmã odiava porque a nossa cachorra se arranhava passando pelos espinhos. Foi nessa casa que eu aprendi a escrever, vivia vendo Bananas com Pijama, li O Mágico de Oz e fiz o meu primeiro ovo (para desespero de meus avós, porque eu tinha cinco anos, não quis esperar pelo almoço, subi na cadeirinha, joguei o ovo na panela e coloquei ela no fogo e fritei. Eu achei delicioso, mas minha irmã diz que eu queimei).

A segunda casa era a que eu chamava de "casa azul" ou "casa das muriçocas" (será que escreve assim?). Tinha o 'comigo-ninguém-pode' no jardim, eu tive a minha primeira e única amiga vizinha com quem brincava, eu conheci as desigualdades sociais e tinha uma área enorme no fundo onde eu dormia, coberta com lona. Foi a casa onde tivemos um gato (que me odiava, por sinal, mas eu o amava), onde racionamos a energia na época de FHC e ficavámos direto no escuro, onde minha avó morreu e eu entendi que quando alguém 'morria', significava 'partir para sempre'. Não fiquei triste, eu era criança demais. As pessoas me disseram que 'vovó tinha ido pro céu' e eu achava que aquilo era algo feliz. Tipo, não estava com a gente, mas estava em um lugar bom - e eu fazia questão de espalhar a notícia entre meus colegas como fosse uma privilegiada. Não preciso falar que minha professora se sentiu compadecida comigo e me deu os pêsames.

A terceira casa foi meio, hã, terrível. Eu gostei de ter me mudado pra ela (eu sempre gosto do dia da mudança, rs). Mas ao decorrer dos meses, essa casa se mostrou algo bizarro. Para começar eu lembro de ter mais medo de filmes de terror nessa casa do que qualquer outra. Ela era como um caixote: se você fechasse todas as janelas, ela estaria numa escuridão como em uma caverna. Foi a casa onde eu comecei a cuidar dos meus primos menores e onde eu comecei a ser capitalista, vendendo meus desenhos por um real. Era a casa onde eu lia Capricho. Onde comecei a assinar Witch, porque precisava de uma revista para mim - minha irmã tinha Capricho, minha tia tinha Manequim, meu avô tinha Veja, minha mãe gostava de ler Cláudia, e eu? Witch! Acho que fui a primeira assinante da revista da cidade. Mas a casa não era terrível por ser escura. Era terrível porque ela era fria. Ficava quase na esquina da rua que virava um tumulto na Micareta. Trios elétricos passavam e eu os escutava como estivessem ao meu lado. Escutava os tumultos. Tinha gente vomitando na minha calçada! E o outro motivo foi 'ratos'.

Sabe a cena do filme Ratatouille quando ratos dominam a cozinha? Não foi algo daquela escala. Mas por algum motivo tinha ratos naquela casa. Ratos grandes, gordos e que queriam dominar. Começou no quintal. Meu avô matou um queimado! Tacou álcool e fósforo aceso e o bichinho morreu queimado. Eu odiava ratos, mas eu chorei de pena. Até quando eles invadiram a cozinha. Aí ficamos em polvorosa, desconfiando de cada mínimo movimento e tacando veneno em todas as portas. Dias de inferno. Conseguimos nos livrar dele sem ficar com nenhuma doença, aleluia. Mas aí já era hora de mudar a casa,

A quarta casa. A maior, a melhor, a mais bonita. Eu tive um quarto nele durante alguns meses. Foi a casa em que fiquei mais tempo também. Eu tive internet nela. Eu comecei a jogar Neopets, comecei a fotografar, comecei a me viciar em miojo, a adorar ficar em redes, a criar a maior parte das minhas histórias, a moldar minha identidade 'Luna Fortunato', a gostar de animes. Foi onde eu enterrei meu peixe suicida e o hamster hiperativo de minha irmã. E onde eu acabei matando o ratinho da minha colega e minha mãe teve que dar 5 reais pra ela comprar outro. E tinha uma casa do lado que a neta brigava horrores com a mãe e a avó, e era tão briguenta que quando fomos conectar a internet (aquela coisa de casas dividirem a mesma rede), embora a mãe dela tivesse liberado, a filha simplesmente disse não, bateu o pé e não deixou ninguém entrar no quarto dela. E tivemos que conectar com outra casa.

E agora, essa em que vivo, é a quinta que me lembro dos detalhes.

E agora iremos para uma sexta algum dia.

Me desejem boa sorte? Casas são apenas tijolos, mas tijolos são essenciais pra você conseguir se sentir bem.



E hoje é aniversário de minha mãe!

Se um dia você ler isso aqui, mamma, parabéns pelos 50 anos! :)

domingo, 23 de maio de 2010

"Eu me sinto tão bem quando leio esse blog..."

Eu adoro responder e-mails que as meninas mandam pra Descapricho, que como vocês sabem, é um projeto novo. E esses e-mails me levaram a fazer o post de hoje. Primeiro vem a parte incrível: não estamos sozinhas. Há muitas, muitas meninas que se sentem ultrajadas, insultadas pelas atuais revistas teens. E quando elas souberam da Descapricho, foi como, sei lá, uma espécie de frenesi. Mas o que me chama atenção não é isso, e sim a quantidade de garotas que chegam e falam: "obrigada... nós estamos nos sentindo muito melhor".

O número de gente que diz "eu me sinto bem quando leio Desch" só aumenta. Como fóssemos porta-voz das inseguranças femininas. E eu até entendo: a gente procura tanto fugir daquele drama de que temos que ser perfeitas para sermos garotas legais e populares. Porque nós não somos garotas legais e populares. Nós temos nossas neuroses, inseguranças e dramas pessoais e devo dizer: as revistas teens só pioram isso.

A adolescência é um período meio complicado. É relativamente novo o conceito, afinal antes dos anos 50, não havia lá essa definição. Menstruou, a menina já virava mulher e pronta pra casar. Ou era criança ou era adulto, com poucas variantes. Mas não hoje. Hoje decidimos que dos 9 aos 12, é a pré-adolescência, dos 12 aos 18 é a adolescência. E há quem discute que a adolescência se prolonga até os 30 com algumas pessoas. Não vamos entrar no mérito médico, e sim na definição de que adolescente é algo que não é criança, nem adulto. É a época que a pessoa tem que parar com as brincadeiras bestas, mas pequenas loucuras e rebeldias são rapidamente perdoadas.

E há ainda toda uma indústria específica para nós, como as revistas adolescentes. Revistas adolescentes que esclarecem nossas dúvidas sobre sexo, menstruação, moda, comportamento. E são essas mesmas revistas que dão dicas de como nos aceitar melhor que muito sutilmente impõem um padrão, o clássico que vocês já conhecem. Não quero tratar aqui de como as revistas são cruéis e tal. Eu só quero falar de como eu fico feliz quando vejo que essas garotas se sentem em casa.

A vida é cruel, e não importa a época e o lugar, continuaremos tendo um padrão predominante. Sonhar com um mundo sem padrões é quase utopia. Sair dele exige coragem - e isso inclui até coisas aparentemente bobas como usar esmalte vermelho quando tá todo mundo usando cores clarinhas (em alguma época passada, esmalte vermelho significava ousadia e sensualidade, e poucas mulheres se arriscavam). Exige coragem porque é difícil dar uma esnobada, é difícil dar boas respostas, é difícil se preparar para ouvir coisas nem sempre legais. E quando essas garotas chegam e dizem: "obrigada, porque eu me sinto bem" ou como uma mandou e-mail dizendo (em resumo) "que agradecia porque se sentia feliz na Descapricho, porque lá ninguém ficava dizendo a ela que ela precisava ter curvas e cabelo liso pra atrair garotos", eu realmente me sinto grata - e um tanto de responsabilidade.

Revistas: o ego adolescente é frágil, seja de homem ou mulher. Quando vocês só colocam meninas do mesmo padrão na capa e nas matérias, indiretamente estão falando: sejam como elas. Quando vocês dão uma importância absurda para as opiniões masculinas até mesmo em relação à cor do esmalte, vocês estão como que dizendo as maneiras de agradar ao macho. E isso não é legal, porque as meninas já vivem em uma sociedade que ainda acredita que casamento resolve as coisas e já tem competições pequenas em relação a 'mais bonita'. E elas se sentem inseguras, porque acham que nenhum garoto vai gostar delas. Além da insegurança, ainda semeia a idéia de que temos que agradar aos garotos, o que só fragiliza mais ainda nosso ego.

Garotas, eu sei que a sociedade é cruel. Eu sei que há um conceito muito forte que as gostosonas são meio burras e eu sei que as mulheres brancas e loiras são mais valorizadas pela mídia em geral. Mas isso não é, nem de longe, a idéia que você deve aceitar. Sentir-se bem consigo mesma quando você não está dentro do padrão (o que é fácil, considerando que o padrão é surreal, totalmente Photoshop) é um exercício de auto-estima, de auto-aceitação, de auto-tudo, rs. É complicado pra caramba, eu sei. Nem eu mesma - que falo demais disso e assumi conteúdo feminista o suficiente pra rebater tudo (por enquanto) - consigo ficar sempre ok comigo mesma. É chato pra caramba, é um porre.

E por mais que a gente diga 'quer saber? Foda-se', a gente nunca vai realmente mandar tudo se foder (com o perdão da palavra). Querendo ou não, a gente tem que ir junto com a sociedade. Ir contra ela é dar murro em ponta de faca. Ir contra ela exige um preço que muita pouca gente pagaria. Há lojas em que uma escova no cabelo faz a diferença entre ter emprego e ser desempregada (inclusive há algumas lojas de cosméticos que exigem que suas vendedoras façam chapinha). Há empresas que não contratam tatuados ou pessoas de cabelos coloridos como rosa, verde e roxo. Há escolas em que alunos gays são expulsos. Há famílias que obrigariam seus filhos a irem pra igreja todo dia se o ateísmo deles se fizesse presente. E há milhares de garotas que tem na cabeça a noção arraigada de que precisamos sermos bonitas e cheirosas para os homens, e puras e decentes sempre. Porque vocês sabem: os homens separam as mulheres em "para casar" e "para pegar". Obviamente não são todos e imagino que isso se perca quando eles crescem. Mas os adolescentes fazem isso e inclusive declaram que uma menina "pra pegar" não é "pra casar" porque tem menos valor, já que se dá menos ao respeito.

E isso é outra coisa que as meninas se sentem incomodadas, já reparei. Elas assumiram que se não dão ao respeito, ninguém vai respeitá-las, muito menos os meninos. Mas esse tipo de conceito não é um conceito chauvinista? Porque não separamos os homens em indecentes e decentes. Há as divisões 'galinha', 'romântico' e etc, mas eu nunca vi homens sendo destratados por serem galinhas, assim como vi garotas sendo destratadas por serem "pra pegar" (e o que eu presenciei foi humilhação, exclusão e pequenas fofocas. Mas por ser uma garota que não se deu ao respeito, então porque a direção da escola se preocuparia? -não, não foi na minha atual escola). E eu realmente fico me sentindo tão ofendida com isso!

Pois bem, comecei falando dos e-mails e terminei falando disso. Uma coisa leva a outra.

É. Por mais anos que passem e por mais que as feministas lutem, ainda persiste o ideal da Amélia mesclada a boa mulher que deve dar conta do marido, filhos, trabalho, casa, pais, amigas, o escambau. Mesmo que neguemos, o machismo ainda está tão forte na sociedade brasileira...



P.S.: a barra continua soltando. Vou fazer como Aline recomendou, parece que quebrou uma pecinha que 'firma' a barra, por isso que solta. Mas como colar isso sem ferrar com o botãozinho da barra?

P.S.: o meu texto anterior ficou em 1º lugar na Blorkutando, só agradeço! ;*

sexta-feira, 21 de maio de 2010

um pequeno conto real

Malas - Rodoviária - Prédio - Delegacia – Paixão

Havia começado o texto com uma narrativa.
Mas não consigo.

Eu penso em coisas aleatórias para essas cinco palavras. Cinco palavras difusas, formando cenas do cotidiano. Lembranças vagas esparsas. Eu nunca fui muito boa de lembrar coisas, confesso. Os nomes me somem, mas posso repetir as mesmas histórias. Posso repetir a história real de alguém. De uma mulher. Ela combina com essas palavras, talvez.

A história é:

Ela se apaixonou por um cara na loja que trabalhava como gerente. Ele era seu subordinado. Sabe quando você bate o olho e sente que deu certo? Que vai dar certo? Que o amor é tudo e que mais nada interessa? Ela morava em um prédio, num andar qualquer, totalmente sozinha. Ficaram juntos por uma noite, por duas, por três. Semana após semana, os dois queriam mais do que apenas paquera, rolo, azaração. Queriam alguma espécie de casamento, mas sem papel, porque era brega.

Acho que era 1987. Por aí.

Três meses passados, ela o convidou para jantar. A luz de velas, ela deu um presente: uma nova escova de dentes. Um convite, oficial, para ficarem juntos - apaixonados, felizes. Uma paixão que daria certo, independente do que a família dela falasse. Mas tudo bem - felicidade é ter amor, e eles tinham amor. Muito amor em 1988. Mais amor ainda em 1993. E ficaram juntos por uns onze anos - mas essa paixão foi se esgotando lentamente, delicadamente. Volta e meia ela tinha medo de ele ir parar na delegacia, por alguma briga - era muito esquentado. Mas o que mais a matava era as mulheres. As outras mulheres. Pensava nas filhas. Pensava em si. E pensava no orgulho que teria que engolir, caso o deixasse e fosse embora. Sua mãe, seu pai, seus irmãos e irmãs: não falei?

Mas alguma coisa aconteceu e a partir de 1994, as coisas saíram do trilho. Ele esquentou a cabeça demais, não a ponto de ir pra delegacia, mas isso era preferível ao que aconteceu: o emprego se perdeu. Dupla jornada, sustento em dobro, uma única mulher agindo como suporte para toda a pequena família. Redução lenta da comida, bebida e o dobro de dificuldades. Nunca passaram fome, e ela se sentiu eternamente feliz por hoje: pode dizer que nunca passou fome. Mês após mês, as coisas só pioravam. E a paixão sumira. O amor continuava, mas fraco.

Viajaram de uma cidade pra outra, tentando melhorar a vida. Nada adiantou.

Ele era terrivelmente orgulhoso e não aceitava cargos abaixo do que estava acostumado.
Essa foi a ruína.

Ela fez as malas, foi pra rodoviária levando as filhas e disse que ia viajar.
- Bye Bye - disse ela.
- Volte logo, sentirei saudades - ele disse.
- Talvez - e ela foi.

Entre idas e vindas, ela nunca mais voltou.
Entre idas e vindas, ela nunca mais aceitou voltar.
Entre idas e vindas, ela engoliu o orgulho e criou suas duas filhas com sua família.

Hoje?
Ele mora com outra família. Com uma antiga amante que lembra as datas de aniversário das filhas do seu atual marido.

O que aconteceu com as duas filhas?
A mais velha está se formando em biologia em agosto.
A mais nova está escrevendo essa história.


quarta-feira, 19 de maio de 2010

Xtina, Baby Jane, Christina Aguilera & "eu não sou eu mesma hoje a noite".

Eu adoro pop. Adoro mesmo, curto as músicas dançantes, os figurinos bizarros, os clipes mega-produzidos. Adoro o gênero e ficar sabendo das novidades, uau. Mas ainda: eu adoro o trio das loiras: Madonna, Christina Aguilera e Britney Spears. Oh, desculpa, Lady Gaga não tá inclusa. Eu gosto muito dela, mas não a acho digna o suficiente para merecer um canto no meu amado trio das loiras - artificiais ou naturais, tanto faz, não tenho preconceito.

Christina lançou Not Myself Tonight botando fogo no mundo pop com todas as acusações de plágio. Como uma boa fã de Madonna que sou, reconheço sim todas as referências de Express Yourself e Human Nature. Eu sei disso. O clipe é mega-vulgar, chegando a ser quase ofensivo. Eu também sei.
E o grito dela no começo irritou várias pessoas, eu sei disso.

O que me espanta é ver gente, inclusive críticos, que tratam Christina como se fosse uma burra plagiadora porque, porque plagiou LADY GAGA! Gente, Lady Gaga não é tão original assim. Podem me matar, fãs de Lady Gaga, mas não podem tampar a verdade. Os óculos de Christina é patrocínio, e a pose do olho? Que papo agora que todo mundo resolveu achar que o bendito "Olho de Hórus" é autoria de Lady Gaga? Que queimar alguma coisa é by Lady Gaga? Que um homem sentado esperando na cama é de Lady Gaga? Que os malditos sapatos bizarros são de Lady Gaga quando Christina Aguilera os usou no clipe Hurt, de 2006.

Além do mais críticos ficam se matando falando de como Christina está desesperada para conter Lady Gaga (oi? Christina tem mais de dez anos de carreira e está muito bem estabelecida musicalmente. Lady Gaga não, sorry) com seu novo clipe, plagiando meio mundo. Como se o recado já não estivesse dado com o título da música: Not Myself Tonight. "Eu não sou eu mesma essa noite"

Eu tenho a impressão que só eu e mais algumas poucas pessoas entenderam.

Esse vídeo não foi feito para "ter personalidade". Esse vídeo foi feito para "não ter personalidade". Para quebrar o barraco de uma vez por todas, para provocar todos os fãs de Lady Gaga que gritam histericamente achando que as roupas excêntricas são domínio dela e de mais ninguém. Que até mesmo o cabelo loiro com franja reta é inspiração totalmente dela. E isso dá para supor só pelo título - e ninguém prestou atenção na letra.

I'm out of character (eu estou sem personalidade)
I'm in rare form (eu estou numa forma rara)


Depois do aclamado Back in Basic, Christina Aguilera se dedicou a maternidade do seu filho, Max. Ela é uma cantora bem diversificada: começou a ser estrela na Disney, arrebentou com sua carinha de santa em Stripped, resolveu voltar ao passado em Back in Basic e agora quer reverter em Bionic. Minha opinião pessoal é de que jazz é mil vezes melhor do que essas batidas eletrônicas dos dias atuais, mas paciência.

I'm normally in the corner just standing (Normalmente fico no canto)
I'm feeling unusual (Estou me sentindo incomum - Vagalume usou 'diferente')
I don't care cause this is my night (Eu não me importo, porque essa é a minha noite.)


Bem, eu acho a letra bem óbvia. O clipe tem aquela vulgaridade, sim, bem explícita, não nego. Como se fosse uma vadia rastejando por sexo. Eu também não vou ser tapada e negar as referências e ficar toda "ela foi original". Não foi. Esse foi o lance: a falta de originalidade e de personalidade. Que, por acaso, foi totalmente calculada. Christina não é idiota, ela sabia o que iria provocar. Ela sabia que era sempre comparada a "loira do momento" - primeiro Britney Spears, em seguida Lady Gaga - e sempre foi meio considerada a secundária, sabe, aquela que você sabe que existe, mas não liga muito. Aquela que concorria com Britney, lembra? Aquela que tinha oito (oito?) piercings? Aquela com cara de mocinha dos anos 20, sabe? Pois bem - essa é a Christina Aguilera.

Não me incomodo que a ofendam.
Nem com os fãs de Lady Gaga que acham que agora tudo é plágio.

Mas eu me incomodo com memória curta do pessoal - que esqueceu de Christina facilmente para trocá-la por Lady Gaga. Como as pessoas que choravam histericamente por Jonas Brother e Twilight, e agora, cadê? Simplesmente parou - esse é o efeito de uma tendência. Ela vem, surta um monte, e vai. E vem outra e assim voltamos ao ciclo do desconhecido, conhecimento, tendência e ostracismo. Com Christina Aguilera sendo plagiadora ou não - que importa? A voz dela continuará soprano, Lady Gaga continuará com suas roupas excêntricas e Madonna continuará sendo rainha do pop, mesmo não sendo flor que se cheire. E cadê Britney?

Cause I'm doing things that I normally won't do (porque estou fazendo coisas que normalmente não faço)
The old me's gone I feel brand new (a velha "eu" se foi, me sinto novinha)
And if you don't like it fuck you (e se você não gostar, foda-se)


Né. Dane-se. Estão a acusando tanto de plágio que ela simplesmente copiou descaradamente, dando mais motivo pra falar. Ela dá a cara a tapa em vez de correr assustada. Mas porque as pessoas brigam por isso? Por Gaga? Por Christina? Por Madonna? Parece ser muito difícil conseguir gostar de todos igualmente ou, melhor ainda, não achar que a próxima cantora é uma rival perigosissíma, uma leoa pronta a roubar o espaço alheio. Há espaço pra todas no iPod de todo mundo.

Vídeos, porque todo mundo sabe que sou do gênero "enfeita-post-de-vídeo-e-imagem":

Not Myself Tonight - Christina Aguilera (não consegui achar o link no YouTube, mas tinha no pc, então upei. Não dou dois dias para YouTube tirar do ar)

Hurt 2006 - os sapatinhos que Christina usou antes e as fãs se matam para decidir que só Lady Gaga usou esses sapatos e todo o resto é plágio.




O que eu faço com uma barra de espaços que tá com mania de ficar soltando? Isso me enche o saco - tô até animada para fazer a pauta da Blorkutando, por exemplo, mas cadê que essa maldita barra me ajuda? Se ainda fosse, sei lá, o F8 que não uso nunca... mas justo a barra de espaço? Eu troco um teclado inteiro por causa dela? O que eu faço???

E minha irmã está cobrando o computador '-'
Ou seja, só poderei responder amanhã :(

segunda-feira, 17 de maio de 2010

ah, beleza, que saco

Ontem eu fiz um post tooooodo bonitinho para responder à Umrae (thanks!) na pergunta "o que é mágico", maaas eu fui pesquisar blogs, fiz merda e acabei fechando sem salvar DDD:

Aí fiquei tããão triste, tão arrasada, tão pra baixo que resolvi não postar. E o meu teclado não ajudava (até agora a barra do espaço fica soltando, como faço?)

Olha, vamos fazer o seguinte?

Eu vou aumentar a minha blogosfera (conheço muito pouco blog! D:), aí eu vou fazer o texto bonitinho indicando os selos e tudo o mais, beleza? Ótimo! ;)

E sábado, acho, pra descontrair, eu fiz um template. E eu gostei tanto que acabei ficando com vontade de trocar. O que acham? Prefere esse avermelhado ou o amarelo? A cor branca cega vocês? O que sugerem? Eu o achei mais alegre, sabe, pra cima. Mas eu queria saber o principal: dá ler textos grandes com ele numa boa? Não dói os olhos?

E quero divulgar um projeto com meu dedo. Como vocês sabem, eu tenho raiva da Capricho. O problema é que eu leio a revista desde uns oito anos de idade e sempre gostei - e dos últimos meses para cá, as leitoras sofrem com conteúdo vazio, capas repetidas e falta de resposta às críticas feitas. Então eu e mais seis meninas resolvemos montar um blog (que seria uma revista, mas não foi possível) que seria mais ou menos como a nossa revista ideal: com liberdade e que trate um pouco de tudo, tudo mesmo que quisermos. Para diversificar um pouco.

Não queremos que as revistas adolescentes simplesmente digam: "ok vcs venceram, agora vamos mudar" e sim mostrar que é possível uma adolescente viver dentro do universo projetado pra ela e ainda assim não se deixar limitar.

De qualquer modo eu e as outras vamos nos esforçar bastante para que esse projeto saia como a gente sonha! (:

Descapricho - o design foi feito por Joubs, o HTML/CSS adaptei do código que uso no blog. Cada menina tem um estilo pessoal de postar, e ainda estamos no comecinho, tá? E detalhe: o meu dia é a quarta-feira, e prometo que esse projeto não entrará em conflito com Pernície, nem com Três Fadas (que não estou postando é por falta de inspiração mesmo).


eu adorei.

quinta-feira, 13 de maio de 2010

links, comentários, blogs alheios!

Terça-feira, eu resolvi repassar o selinho que recebi de G. SHC.
Só passei três links, e acho melhor que o selo tinha um lugar mais apropriado: um post inteiro! Não concordam?

Enfm, repetindo! Muiiito obrigada, G. E espero que esse blog sirva sempre como fonte de inspiração e pensamentos legais :)



E os blogs, com respectivos comentários! ^^~

Semeando o Caos: de Umrae, é um blog com textos longos pra caramba, sempre cheios de embasamento teórico do tipo que você só vê em universidade. Para quem vai trabalhar, sugiro a leitura. Ela dá ÓTIMAS dicas de como sobreviver no ambiente corporativo e viver uma vida adulta responsável sem abrir mão das coisas nerds como videogames! :O
Viu? Não é só porque ela é minha amiga, é porque ela é inteligente mesmo :D

Ego Trip: de Laís, acho-o divertido, descontraído, pra cima e além! É simplesmente delicioso (e caí nas armadilhas da boa escrita desde o post de Cilada - como ela perdeu a aula do vestibular pra dar um jeito na água negra que vazava. Não, não apareceu um fantasminha querendo mamãe como no filme Água Negra).

Fênix de Água: de Carol, conheci-a aqui mesmo. Ela comentou, eu comentei de volta, comecei a visitar e por aí vai. Ela é a primeira que trata um pouco do universo adolescente nessa lista aqui (porque Umrae e Laís são duas moças crescidas, feitas, trabalhadoras) e sua revolta pelas coisas absurdas fazem com que eu me identifique com ela :)
Eu adoro *-*

Síndrome de Estocolmo: é de uma mulher, mãe, chamada Denise. É um blog gigante, com muiiitos posts bons. Recomendo super, forever. Ela viveu nos EUA, Suécia e agora na Coréia do Sul. E posta sobre o choque cultural e temas como homossexualidade, aborto, feminismo, história, curiosidades e tem um estilo super leve de descrever as coisas, adorável. Sem contar que ela cuida de um brechó e volta e meia ela arranja alguma coisa e faz sorteios (coisas lindissímas como um relicário de Alice - foi o mais recente) entre as leitoras sem exigir que alguma delas a sigam no Twitter. Achei quando estava fazendo um trabalho sobre o racismo, ela falava da manipulação de Photoshop.
segredo segredinho: é um dos blogs que mais me inspiro para escrever o meu. Espero, um dia, ter um blog cheio de informações úteis, legais e um bom equilíbrio entre futilidades e coisas importantes como ela consegue ^^

Mundo Efêmero: ah! Apesar das poucas postagens, eu gosto muito - do layout alto astral, dos textos idem, da postura idem. É o tipo de blog que passa uma ótima impressão e não acaba com isso na primeira frase, mega importante! :O

Desculpe, não ouvi!: olha, pra quem não se interessa por esse mundo, o blog não tem nada de interessante. Mas pra mim, tem. Eu adoro esse blog porque ele trata de um assunto corrente na minha vida: deficiência auditiva. Pra quem não sabe, eu nasci deficiente auditiva, porém as pessoas não precisam gritar comigo, nem falar em Libras comigo. A deficiência é bem leve, superada por um aparelho (que não uso, porque o meu quebrou aos 12 anos e... é) e muito treino em leitura labial. E o blog fala justamente de surdos (com a gravidade variada: desde os bem leves, como o meu caso, até os mais graves como o da dona) que são oralizados, ou seja, eles não falam em Libras e, sim, te olham e lêem seus lábios.

Por isso se algum dia vocês me encontrarem na rua, façam o favor de não tapar a boca. E filmes legendados, por favor: eu consigo compreender o áudio normal, ao vivo. Mas não me peçam pra entender uma novela sem fones de ouvido. O som chega até a mim todo confuso, embaralhado - e aumentar o volume não adianta nada. Só me dói a cabeça.

Iwata Kappuru: blog feito por brasileiros no Japão. Simplesmente isso. Tem poucas postagens, porque tem pouco tempo que o casal blogueiro chegou lá. Porém as postagens são cheinhas de detalhes, do jeito que eu gosto, com fotos, ideogramas, explicações, tudo, tudo. Pra quem é fanática por Japão como eu, é prato cheio!

Escreva, Lola, escreva!: os direitistas, fanáticos cristãos/mulmanos/qualquer religião que tenha um histórico de poderio, machistas e tudo o mais vão ODIAR esse blog. Mas paciência. O único problema dela é, aliás dois, é que esquerda é muito santificado e direita é tudo ruim (e isso depende do país, contexto, etc). E o segundo é que ela não gosta tanto assim de desenhos animados - mas isso eu deixo passar, gosto é gosto. Os posts são bem interessantes, falam de muitas coisas. E os comentários são um blog à parte, toda uma discussão em torno do assunto E se o que Lola falou tá certo (30% concordam integralmente com ela, 30% fazem ressalvas, 30% discordam veemente e 10% são trolls absolutos que só querem chamar Lola de gorda, lésbica e triste. Me divirto)

De Chanel na Laje: blog de moda! *-*
Eu adoro blogs de moda. Principalmente se for cabelo e unha. Sou fã. Aficcionada.
E esse blog foi o primeiro que eu vi na web (e tem mais!) que em vez de ficar dizendo bafho, phyna, tendência, simplesmente coloca as coisas e questiona se a gente realmente precisa daquilo. Moda com consciência, inclusive discorrendo sobre alienação, anorexia, futilidade e afins. Adoro :)
E é como Lola: os comentários são um blog a parte!

Devem ter reparado que a maioria dos blogs não pertencem a nenhuma adolescente. Aliás, acho que só o de Carol é do gênero. É. Vou caçar mais blogs adolescentes de conteúdo e indico aqui :)

P.S.: eu iria indicar Te Pego às 7 que é um blog feito por sete rapazes e era bem divertido de se ler (acho que por causa da linguagem absurdamente noob, estilo tiopês. Me lembra muito uns amigos meus da era Neopets, Umrae, vc sabe quem são!), tinha muita simpatia pelo blog. Mas, infelizmente, ele acabou :(


não quero pensar nas implicações patriotas com essa imagem, ok.

terça-feira, 11 de maio de 2010

nem santa, nem diva

"São as boas garotas que escrevem em diários.
As más garotas nunca têm tempo. Se eu escrevo um blog, eu sou o que?"

Sou uma boa garota que não tem tempo!

Eu sempre escrevi em diários. E essa história de blog ser um diário virtual pra mim, bem, eu nunca quis realmente engolir isso. Quer dizer eu já fiz e tudo o mais, mas eu não tinha saco pra ficar atualizando as pessoas de uma vida que não interessava a ninguém. Então eu logo abandonava os meus blogs mais 'pessoais', de puro tédio. Minha vida não é nada de interessante - eu sou uma garota boa que não faz nada de errado. Eu só tenho pensamentos que não condizem com a moral predominante, mas e daí? Eu divido esse pensamento com um monte de gente. Não estou sozinha.

Eu já quis ser uma garota má. Sabe, ter aquele comportamento desafiador que faz a sociedade ficar de cabelo em pé. O problema é que, na minha escola, pra você chocar, você tinha que usar drogas. E eu queria estar consciente enquanto chocasse e que isso não envolvesse realmente a minha sanidade e, sei lá, o meu corpo - eu não queria ser uma Christiane F. da vida, 13 anos, drogada e prostituída. Era sem classe demais. Então eu escrevia no meu diário sobre como eu ia ser uma mulher linda e perfeita, super inteligente, sabendo falar inglês, espanhol, italiano, francês, alemão, japonês e árabe (nessa ordem) e todo mundo ia olhar e babar. Inclusive minhas promessas de Ano Novo incluíam ser cheia de classe, elegância e notas altissímas para todo mundo ver e pensar: "uau, ela é uma diva!"
É. Eu sempre quis ser uma má garota.

E não, eu não pensava necessariamente envolvendo sexo. Eu nunca associei virgindade ou algo do gênero à maldade feminina. O que eu pensava era em mulheres sensuais, e eu queria ser uma. Não em minhas colegas que vestiam shortinhos e começavam a ficar - davam um ou dois beijinhos e se achavam as grandes rainhas pegadoras geral. O que eu queria era ser algo que as superasse: uma diva, uma dama, uma lady. Eu queria ser como Rowling que sorria para as fotografias ficando rica com livros. Ou então como Emma Watson porque eu a achava linda. Ainda acho, mas vejo que ela é muito mais normal do que minhas doces fantasias de pré-adolescente.

Então eu escrevia em diários, desejando ser mais diva e acabava fazendo blogs. Perdi a conta de quantos blogs eu já criei. Primeiro o SpaceMSN. Algo assim. Era primeiro todo azul, uma fotografia da noite. Eu falava da minha vida - um saco, mas eu achava legal. Eu vivia em lan houses. Aí eu fiz fotologs - fiz todos: Flogão, VibeFlob (alguém lembra da febre?), Fotolog. Esse foi o que mais durou, e era simplesmente porque eu o achava cheio de classe (só porque MariMoon tinha um, ainda faço um post sobre isso, vai caber na minha pauta de Blorkutando). Fiz blogs na UOL usando minha conta da BOL, no BlogMais, no Terra (era fantasma-bom.zip.net, mas ele foi deletado). Até que eu fiz lunaviciada.webblogger.com. Não era pra falar da minha vida. Eu tinha cansado de falar da minha vida - ela era normal. Eu queria falar do que eu pensava, porque eu pensava um monte de coisas e não era todo dia que tinha aulas de Atualidade que a professora me permitia falar o que pensasse. Eu simplesmente queria falar tudo o que pensava a respeito de todos os assuntos possíveis, e isso significava que eu queria - muito mesmo - alguma coisa que me permitisse longo alcance.

Porque eu sou uma pessoa narcisista. Não parece, mas eu sou do tipo que não teria blog se ele não tivesse os comentários e leitores. Porque se eu escrevo, é para alguém. Se não tem alguém, prefiro calar minha boca e fazer algo de útil como estudar física (que por sinal era o que eu devia estar fazendo).

E continuei com o lunaviciada e comecei a criar uma história. Eu vivia no Neopets - e estava com raiva de um certo moderador e vontade de brincar. Então a minha história começou a acontecer em volta desses personagens e desse moderador que era o vilão da história (somente pessoas que viveram aquelas situações entenderiam. Piadas internas, sabe). O fato é que larguei os blogs pessoas e comecei a me dedicar a escrever. Eu sempre fui boa em escrever, mas somente assim, quando eu larguei minha vida de lado, eu comecei a perceber que as palavras eram parte de mim, mais do que qualquer outra coisa. Palavras era o que me tornavam Luna. E amadurecida, depois de trilhões de debates na vida real e virtual e opiniões mais formadas, resolvi retornar com um blog pessoal. Pernície.

Hoje eu não sou uma má garota. Não sou diva sensual, matadora, femme fatale. Não fumo, não bebo, não seduzo homens e mulheres. Não sirvo pra ser protagonista de nenhum filme sobre morenas fatais, e meu olhar de garota assassina é só uma paródia que faz rir. Nunca servi pra ser má - não sou uma pessoa nem de longe desse gênero.
Também não sou tipicamente uma boa garota, mas ainda escrevo no diário - sim, eu tenho um e ele é uma terapia para mim.
Não sou nem má, nem boa. Eu só sou uma garota que escreve - e os escritores, como todos os artistas em potencial, guardam o anjo e o demônio dentro de si. A frase é clichê e é arrogância me chamar de artista, mas eu só queria achar um jeito de acabar o texto. Vê-se que não sei finalizar textos.



P.S.: nada a ver com o post, mas... estou PUTA! Laranja Psicodélica vai sair do ar! Mais de 2 mil filmes pra baixar que vão sumir. Filmes que não se encontra na locadora. Filmes que nunca passaram no cinema, sequer foram legendados em português! Filmes franceses, espanhóis, argentinos, suecos, sul-africanos, indianos, japoneses... filmes de drama, comédia, aventura, ficção, fantasia, terror... putaquepariu, o que eu vou fazer sem Laranja Psicodélica e seus links que não pedem pra cadastrar seus celulares? É. Censura tá foda.

P.S.²: E fui ver os comentários recentes para comentar de volta, né, e tudo o mais, aí vi um comentário que não tinha lido antes (foi mal, G!). Ela me deu um selinho, olha só que maravilha! É o seguinte, mano, eu tenho que pegar esse selinho, mostrar ele pra vocês verem como é lindinho, dar o link de quem me deu e - a parte mais legal - eu vou indicar 10/15/20 blogueiros que vão receber esse selinho e indicarem outros para continuarem com a brincadeira, olha só que maravilha!

De acordo com a criadora (Camila), o selinho é para "transmitem valores culturais, éticos, literários, pessoais, etc."

Muito obrigada, G. SHC!



Blogs que indico!

Semeando o Caos
Ego Trip
Fenix de Água


E... tá, eu tinha uns links na cabeça. Peraí que vou caçar, quando terminar de recolher os links, eu volto e completo a lista!

domingo, 9 de maio de 2010

mamma mia!



Caraca, o dia passou e não postei nada, #vergonha.

Espero que hoje tenha sido um feliz dia das mães. Eu sei que é uma data comercial, mas é sacanagem essas mulheres comerem o pão que o capeta amassou e não terem nem um diazinho para serem mimadas. Se bem que, na prática, o que rola é que elas que fazem almoço, jantar e se dividem em quatro pra bancar um dia legal pra todo mundo, né? Mas isso não rola sempre, eu cansei de preparar café pra minha mãe :D

Mas ela odeia que preparem qualquer coisa pra ela - prefere mil vezes colocar o prato de todo mundo e comer por último do que sua filhinha de sangue e coração ir lá e preparar o café da manhã pra ela. Eu digo que é co-dependência, ela diz que é coisa de mãe mesmo. Pelo menos ela é normal, não é surtada que nem umas aí, que vou te contar, rapaz.

Existe uma história que corre por aí que de tanto ser repetida, virou verdade. É o negócio de amor maternal. Sabe aquela coisa que mãe ama e ponto final, coloquem-a num pedestal, porque não pode ser criticada, nem nada? Mães são humanas, erram, machucam, agridem e são fdp. Mães são criaturas que sentem ódio e inveja de seus filhos, e às vezes fazem mal de propósito. Mães podem ser anjos, mas também podem servir ao outro lado. Mães são almas redentoras que sempre nos amarão, mas também podem ser as almas que jogarão a gente em um abismo sem fim. O amor de uma mãe pelos seus filhos pode nunca ser igual e justo para todos, pode ser pequeno demais, pode ser grande demais - e perigoso. Mães podem serem cruéis com os amigos dos filhos, pensando que protegem suas crias. Mães podem, em nome do amor materno, atacaram e mutilarem seus filhos com tentativas obsessivas de proteção. Mães nem sempre amam seus filhos na hora de parir, depois de toda a dor, e praticamente todas já sentiram vontade de esganar seus bebês quando ele chora na hora do bem-bom. Mães pensam sim que seus corpos ficarão feios, e nem deveriam serem condenadas por isso.

Os filhos são os espelhos de seus pais, e as mães receberão a culpa de tudo que esses filhos fizerem. Porque de acordo com a nossa sociedade, mães passam mais tempo que os pais e tudo - desde a má educação até psicopatia, passando pela homossexualidade - tem culpa na mãe ausente ou protetora. Mães são mulheres, antes de serem mães, e elas tem raiva, inveja, ódio, tesão. Elas cospem, falam palavrão, transam e jogam copos na parede. Mães gritam e nem sempre tem razão. Mães dizem que amam, mas nem sempre amam de verdade. Mães defendem seus filhos na escola contra o professor, mas estão encarando a situação de forma tendenciosa. Mães também defendem os professores, sem ligarem se seus filhos são vítimas. As mães são resultados de suas próprias mães.

Mães são ausentes para alguns. E são presentes demais.
Mãe, de um jeito ou outro, é como um polvo que vai afetar cada parte de sua vida. Quando ela é um amor de pessoa e desempenha o papel que lhe foi imposto, você sentirá os benefícios. E quando ela surta e te machuca, você se magoará e isso não será apagado de sua história. E quando ela simplesmente não existe, a sua ausência será sentida.

Nem todas as mães são gente boa como a minha. Nem todas as mães são legais, simpáticas, amorosas e cheias de amor maternal, cujo coração cabe todo mundo e com folga. Nem todas as mães entendem seus filhos, sabem de suas necessidades e conseguem aguentar todo o drama de ser mãe numa boa. Ser mãe é um fardo, e são poucas as mulheres que realmente nunca reclamaram dele. A grande maioria já sentiu no peso o corpo perdido, a paz jogada no lixo com os rebentos. E há muitas, muitas mães - mais do que a gente pensa - que são verdadeiramente cruéis. Que agridem, nem sempre fisicamente, seus filhos da forma mais baixa e perversa que alguém pode fazer.

Alguns tem a sorte de terem uma Sra Weasley. Outros tem a mãe de Preciosa, do filme.

Que as mães boas - não importam se sejam severas ou amigáveis - tenham passado esse dia felizes e sejam recompensadas pela vida pelo fardo que assumiram. E para as mães más e cruéis, bem, que seus filhos superem esse fardo de terem que amar uma pessoa que não merecem e vivam bem.



Descobri a praticidade. Em vez de dar trocentos links pro meu twitter, formspring, blog, a bagaça toda (que uso bem menos da metade), dou logo o meu MeAdiciona, aí você me acha em qualquer canto -Q

NEW: "dei" entrevista para a Blorkutando, para reabrir o TOP Blorkutando! :)
Confiram aqui. Eu me senti meio boba, mas fiquei tão feliz de ter recebido o convite, foi muita, muita honra! Agradeço imensamente! E aguardo as próximas entrevistas! ^^~

quinta-feira, 6 de maio de 2010

sexta que vem, cinco pessoas, sorteio!

Trabalho em grupo? Em GRUPO? G-R-U-P-O? Eu e mais outra pessoa? Eu e mais outras pessoas?
Céus. Terminei um hoje.

Sobre caatinga. Me entregaram algo esquisito (com todo o perdão aos meus colegas) sobre cidades de nomes difíceis de pronunciar. Devolvi falando sobre como a caatinga é um bioma difícil de definir, sendo exclusivamente brasileiro, tecnicamente só por uma área de Nordeste, mas na prática é um bioma diversificado que compreende a Chapada Diamantina, Lençóis Maranhenses e praias de Recife. Minha irmã confirmou tudo isso, então está correto do ponto de vista da biologia. Ainda tenho outro pra terminar: eu tenho que terminar de editar um vídeo e é basicamente meu castigo por eu não ter permitido que minha colega entregasse o vídeo para o nosso colega (de outro grupo) editar. Pagando 10 reais. Em nome da ética, disse que não. E em nome de 'não confio nele', minhas outras duas colegas no mesmo grupo também proibiram.

E como ninguém sabe editar e também ninguém quer aprender, pra quem sobra?
Para mim, claro.

Eu nunca gostei de trabalhos em grupo. Primeiro porque eles só dão certos quando as pessoas se dão certo. Meus colegas do ano passado se davam super certo: eu nunca fazia sozinha, porque eles insistiam em grupos, reuniões, juntar informações, saber absolutamente tudo para nada dar errado. Eram todos tão perfeccionistas como eu e se eu assumia a responsabilidade pelo aspecto visual, era porque eu quem sabia mexer melhor nos programas. Mas em relação ao conteúdo, eu adorava porque tínhamos idéias legais e zero de vergonha para realizá-las. Mas foi só ano passado. Porque trabalho em grupo exige pessoas que se combinam, e são como peças de Lego. Por isso temos tantos problemas de ego. Porque raramente essa perfeita combinação existe, então temos que aprender a conviver aos trancos e barrancos.

Eu não tenho uma boa experiência. Na minha 8ª série, tive crises de choro que só acabaram com muito chocolate ao tentar levar uma peça de teatro adiante (peças de teatro são os piores projetos que um professor pode passar na vida). No meu primeiro ano, em outra peça de teatro, eu fiz todo um roteiro bonitinho e era, oficialmente, a líder (que a própria turma escolheu). E havia uma colega que simplesmente pegou o roteiro, mudava várias partes sem me informar e na hora de ensaiar, as pessoas não sabiam se seguiam o meu roteiro original ou o picotado. Além disso ela começou a ficar tão mandona que eu não sabia mais o que fazer: eu assumia a minha posição conferida pela turma e professor de líder e a colocava no lugar dela ou eu começava uma democracia? Eu nunca tive tanto ódio de democracia: a própria turma começou a me encher o saco dizendo que eu tinha de me posicionar e eu fiquei tão nervosa e tão furiosa que briguei com ela. Ela saiu do grupo. E continuamos o nosso trabalho perfeitamente lindo e maravilhoso, sendo muitissímo elogiado pela escola inteira. É.

Além dos milhares de seminários, trabalhos escritos, peças de teatro. Lembro de todos eles. Lembro do que eu fiz - mais da metade, sempre colocando o nome de alguém que não fez nada. Lembro do meu desgosto ao ficar até onze da noite fazendo um maldito trabalho, sempre resmungando: nunca, nunca, nunca mais faço trabalho por outros. E sempre repetia, recaindo no vício do perfeccionismo e do meu dó de outra pessoa ficar sem nota por minha crueldade. Gastei muito meus dedos em intermináveis análises que deveriam serem feitas por cinco pessoas, mas foram feitas por uma. Lembro de todas as brigas entre colegas por conta dos malditos trabalhos: das ausências, dos atrasos, das reuniões que nunca acontecem, das brigas realmente histéricas (uma vez, na 6ª série, meus colegas brigaram tanto, mas tanto que uma delas foi embora da escola pra casa e eu e minha colega tivemos que sermos mediadoras para resolver os conflitos.). Lembro também de todas as análises psicológicas: não, você não vai falhar, sim, você vai conseguir lembrar tudo e apresentar.

Lembro de todos os meus colegas completamente relentos que nem sabiam o que iriam falar até eu enfiar um papel nas suas mãos e rosnar que era pra saber tudo, de cabeça, em menos de dez minutos - nunca conseguiam e eu morria de ódio. Lembro dos colegas legais que me ajudavam muito, quebrando sempre o galho, adicionando alguma coisa legal ou, ao menos, me fazendo companhia em uma reunião de trabalho, quando todo mundo dava bolo. Lembro dos professores analisando, percebendo a insegurança. Lembro de como eu odiava - e odeio - quando meus colegas se encostavam na parede, explicando um assunto monotonamente decorado. Lembro de como eu sempre, sempre ficava com a responsabilidade de atrair a atenção, falar em voz alta e de como eu ficava completamente nervosa quando eu tinha dez ou trinta rostos virados para mim e saía miserável, mas pelo menos saía com a honra intacta: eu não li!

Lembro de cada palavra que usei para encorajar meus colegas a assumirem papéis como Maria Bonita, uma boneca aérea, uma esposa chorosa. Lembro de todas as crises de riso por cada imbecibilidade que alguém cometesse. Lembro de todas as vezes que reuniões de trabalho viraram sessões de fofoca, análise e muita lavagem de roupa suja. Lembro de como eu sempre considerei as reuniões uma revisão das novidades, porque é frequente a pipoca, guaraná, computador e o "eu não sabia disso!

Lembro de todo o sentimento que eu tinha de satisfação ao ver que, por minha causa, pelo menos cinco pessoas ganharam a nota máxima. Lembro de como eu odiava porque sempre ficava sozinha, achava totalmente vergonhoso ter que implorar para ficar em algum grupo (se o professor tivesse que pedir pra eu entrar em algum, era pior ainda!). E embora muitas vezes eu era competida aos tapas por minha completa imbecibilidade em fazer o trabalho de todos, também muitas vezes eu não era lembrada por ninguém, porque eu não tinha lá muitos amigos - como já disse. Inclusive, na 4ª série, minha professora organizou os grupos por bairros (para não ter problemas de alguém não poder ir na casa de outro). Achei a organização boa, na época, e ninguém usava computador para pesquisar coisas, não na minha sala. Porém no meu grupo, com meus amigos, eu fui expulsa tão logo que a profª me colocou porque meus colegas me consideraram mandona. Não lembro porque estavam com raiva de mim, decerto eu devia ter brigado com eles. Mas então fiquei no grupo das meninas de outro bairro, distante do meu, porém eu me diverti tanto inclusive quando comemos a pipoca mais gostosa do mundo e minha colega derramou Fanta Laranja em cima do cartaz prontinho, branquinho com imagens de Getúlio Vargas. Tivemos que tapar a mancha com recortes ignorados de Getúlio Vargas entre ataques de histeria - foi engraçado.

Esse ano fiz trabalho sobre Romantismo e o meu grupo falou de Twilight: as influências românticas na série. Considerando que eu era a única garota hater do grupo (os outros haters eram só garotos e nunca tinham lido a série), eu peguei essa parte pra mim e falei de toda a parte doentia da série, lembrando sempre de como o Romantismo era literatura e Twilight, bem, era Twilight. Não fiz uma defesa digna, mas a professora gostou muito porque eu apresentei outro ponto de vista sobre a série que inclusive reforça tudo o que eu odeio na série. E agora tem esses dois de geografia, um que encerrei hoje, outro que terminarei em breve. E logo farei um trabalho em inglês - que já fiz ano passado, com o meu grupo adorável que passou, felizmente. O tema é outro, as pessoas são outras. Mas sei que esse será melhor, porque as pessoas são mais empolgadas (o tema é homofobia. Uma das meninas do grupo é viciada em fanfics gays. Perfeita combinação).

Mas não é só pelas pessoas.

É porque eu, apesar da minha antipatia pelos grupos, aprendi a lidar com pessoas. Aprendi a ser menos autoritária grosseira e mais persuasiva. Aprendi que não preciso fazer absolutamente tudo, só o que me convém fazer e não sentir culpa se não vou fazer. Entendi que as pessoas querem coisas na mão, mas você não precisa dar todos os passos. Dá o Google e as palavras-chaves e deixem elas se virarem. Aprendi que se não sair um dez, não está tudo perdido. Um trabalho em grupo é um trabalho em grupo: esforço coletivo de muitas pessoas. E aprendi que se eu simplesmente não me estressar tanto, eu vou odiar menos os malditos trabalhos em grupo.

E agora, oh, céus, o vídeo. Pra quê que eu resolvi dizer que eu sabia editar vídeos, quando nem sei lá grande coisa? Paguei com a língua. Bem-feito, ninguém mandou.




Pauta para Blorkutando.
Amanhã respondo aos comentários, passei o dia inteiro nesse computador fazendo esses slides do cão (tudo bem, aprendi coisas legais) e quero me ver livre disso de uma vez. Fiz logo essa pauta porque não sei se amanhã vou usar o computador e digitar uma pauta no prazo ;)

E desculpe pela ausência de imagens pra "quebrar" o post, mas não estou com saco pra procurar :D

quarta-feira, 5 de maio de 2010

todos odeiam os aliens.



Assisti Distrito 9 sábado. Eu sou uma das que mais incentivam a pirataria online, baixando tudo que é filme da internet antes de sair nos cinemas e assistindo só seis meses depois que o cinema estreou e todo mundo já viu. A história é clichê e eu gostei do filme, mesmo os ETs lembrando não camarões e sim aquele bicho que lembra uma barata horrorosa na fotografia espalhada pela internet. Devem saber qual é. De qualquer jeito, é só lembrar de camarões, adicionar uma casca meio cinza e pronto, criou os aliens de Distrito 9.


imagine-os vivos. e cheios de gosma. enormes. E nada fofinhos como em Espanta-Tubarão.

A história é legal. Aliens chegam aqui na Terra, mas ao contrário de escravizarem a gente, nós é que aproveitamos que a nave-mãe deu pau, alojamos-os em uma espécie de favela sul-africana e largamos lá por vinte anos. Aliens e humanos já conseguem - mais ou menos - se comunicar entre si, há um comércio recorrente entre aliens e nigerianos (armas aliens por comida de gato). Aí a história fica em volta de um cara que pegou um tal do fluido e se "contaminou" com o troço alien, tendo uma mão totalmente alien, esquisita. O negócio é que só aliens podem manejar as armas, porque tem o troço do DNA que combina e tal. E esse humano-ET está sofrendo uma mutação, mas já pode usar as armas e todo mundo está atrás dele.

Eu devo ser a única espectadora que sentiu a dor quando esse monstro matou todos os bebês aliens, colocando fogo. Maldito, miserável, se fizessem com humanos, não ia gostar, né? Fuck!

Eu gostei do filme. Sabe aquele filme que você até gosta, apesar de toda a tosquice? Dá pra fazer o paralelo legal com o apartheid na África do Sul, inclusive com toda a parada de 'proibidos não-humanos'. O engraçado é cachorros são legais, aliens não. E ambos são não-humanos, se é que me entendem. E os aliens são legais. Mas não duvido nada que se fossem os humanos chegando lá no planetinha deles, fariam a mesma coisa. Aliás seriam piores, porque a tecnologia deles é mais avançada do que a nossa (quer dizer, uma arma que reconhece o seu usuário e age somente se identificar seu DNA? Isso é coisa mais além do que o CSI sonha em imaginar!). Nunca vi a humanidade com tons de cor-de-rosa.

Eu sempre acreditei em vida extraterrestre. Não em seres verdes, esquisitos, que diriam 'Glub Glak' e nos acorrentariam com cordas a laser. Mas simplesmente em vidas, podendo serem "racionais" ou não. Eu acredito que assim como há peixes vivendo tranquilamente nas profundezas dos oceanos, que nenhum ser humano se aventura a ir sob pena de morte por pressão, haveria também vidas diferentes, excêntricas se adaptando ao ambiente. E se houvesse uma espécie diferente, mas semelhante no modo de interagir (criando sociedades com uma língua e tal), eu acreditava (e ainda acredito) que uma espécie subjugaria a outra, que haveria guerras e depois um conselho tipo a ONU para mediar conflitos e, talvez, conflitos entre humanos perdessem um pouco o sentido quando vissem uma proporção maior: o Universo!

Mas assim como os conflitos entre etnias africanas não sumiram com a escravidão, os nossos conflitos também não sumiriam se estivessémos subjugados a outra espécie. É simplesmente um ciclo. Talvez por isso odiemos aliens? Porque sabemos que eles não serão diferentes de nós, caso sejam parecidos conosco? Que eles agirão exatamente como nós agimos: com crueldade, ganância, oportunismo?

Eu adoro filmes que pintam os humanos como seres nada legais. Tipo Distrito 9. Ou que não tem alien, tipo O Nevoeiro que é baseado em um conto de Stephen King (vulgo o Rei Mente Doente e Psicopata rs) que um monte de gente é enfiado em um supermercado por conta de uma neblina misteriosa e há bichos dentro dela que matam gente. Ou melhor, comem gente. Se o mundo estivesse naquele caos, eu bem que queria estar em um supermercado, falta de comida é algo já resolvido. Mas de acordo com o filme, a pior coisa que pode acontecer contigo numa situação apocalíptica é ter gente por perto, porque, obviamente, a raça humana é algo bem miserável que só se controla com a Igreja e Forças Armadas por perto, usando suas últimas táticas de tortura. O Nevoeiro tem bastante disso. É. Acho que eu gostaria é de ficar na minha casa, com celular, rádio e GPS e estoque ilimitado de miojo, leite, achocolatado, pão e margarinha. E fogo e água, claro. Eu me viro assim.


corre, senão o bicho te pega. #o nevoeiro. Ou você enlouquece dentro do supermercado ou você é comido pelos bichos. Linda escolha.

Tem aliens bonzinhos tipo O Dia Que A Terra Parou. Mas pra vocês verem como a coisa rola, eu esqueci quase do filme todo. Revendo o trailer, lembrei que querem ver o planeta legal e pra isso precisavam destruir a raça humana. Uma mensagem edificante que nos lembra de como somos a escória do planeta, os vermes de acordo com aquele cara de Matrix (a definição dele tá correta, tecnicamente falando, mas prefiro me intitular de mamífero). Mas tenho a simples mensagem de que se acha que a raça humana é miserável, perdida e melhor pro planeta que morra, que dê o exemplo e se jogue do penhasco. Como ninguém faz, então no fundo, as pessoas ligam mais pros humanos viverem bem nesse mundo do que pra natureza, de fato.

Mas os aliens que eu mais gosto e odeio são os vogons de O Guia do Mochileiro das Galáxias. São absolutamente monstruosos, obesos e com uma péssima poesia. Entre eles e os camarões de Distrito 9, prefiro os camarões. Mas entre aliens que vem aqui e humanos que já estavam aqui, aposto na vitória dos aliens, fácil, fácil.

(a menos que a gente que invada o território deles. Aí é outra história)



Notícias pessoais: chegou a leva dos livros da Coleção Abril aqui! Lembra, a que falei, dos Clássicos! Chegou O Sofrimento do Jovem Wersther, Dom Quixote (1 e 2), Macbeth, Rei Lear e Hamlet, e Divina Comédia - Inferno! Estou tão feliz, e os livros são lindos, adorei, adorei. Vou começar pelo O Sofrimento do Jovem Wersther, porque a professora pediu para a gente ler algum clássico romântico :)

Ah, sim, estou experimentando aprender italiano no Livemocha. Só estou com raiva que preciso pagar pra continuar o curso. Pelo menos é barato: 18 reais por mês.

segunda-feira, 3 de maio de 2010

cachos, minha idolatria, meu estorvo!



Enquanto penso em Três Fadas, Interativos e Blorkutando, vejo todas as coisas belas relacionadas à beleza. Pretendo cortar o meu cabelo e ainda não sei bem como o desejo - só sei que o quero médio e bem cacheado. Incrível como eu consigo perder minutos pensando nisso, e muito provavelmente vou estar com o coração a mil na hora de cortar o cabelo e odiarei o corte na primeira semana, amarei-o na segunda e o acharei sem graça na terceira. Sou uma pessoa especialmente problemática com o meu cabelo, e isso vai além do fato de ele ser crespo, cheio de cachos indefinidos que exigem muito creme para se dignarem a ter "alguma" forma semidecente. Demorei muito para aceitá-lo dessa forma, e mais ainda para entender que eu não preciso de relaxamentos, alisamentos, escovas. E muito mais tempo ainda para deixar cair a bandeira de "beleza natural" e entender que algumas quimícas, se elas fizerem bem à mim e ao meu bolso, não vão fazer mal. Eu ainda estou bem indecisa. Eu só sei que quero cachos. Muito mais cachos do que tenho. E quero um cabelo mais curto, odeio morrer de calor com ele, e gastar muito creme.

Para as imagens, tentei fugir do Google básico. E tentei focar nos cabelos mais parecidos com o meu tipo, mas eu não tenho certeza se esses cabelos são assim mesmo. Eles podem estar cheios de baby-liss ou produtos caríssimos. O fato é que a textura, espessura, o tipo de fio parece semelhante ao meu. E são absolutamente lindos.


meio parecido com o meu, afora o corte e a cor :)


muito, muito parecido com o meu :O
mas o dela é mais bonito e mais cacheado.


eu gostei ;)


gostei do corte e da definição, mas acho que não combina comigo D:


peguei mais pela cor, achei ela tão linda. adoro vermelhos!


aparece mais o rosto do que o cabelo, mas tá valendo!


lindo. bem-definido. mas quanto trabalho será que dá?

Fugi dos que pareciam muito baby-liss, preferi os mais bagunçados (menos chance de me decepcionar). Qual vocês acharam mais bonito? Não queria um corte especialmente afro, cheio de volume, porque me incomoda demais (já tentei, mas fico com agonia, vivo prendendo porque o cabelo vai parar no meu olho, na minha boca, no meu nariz. argh!). Queria um pra deixar solto sem ficar caindo no meu rosto toda hora, mas isso parece incompatível com meus projetos de ter um cabelo médio ou curto. De qualquer forma, vocês acham que eu devia levar alguma dessas fotos como referência básica pro cabeleiro?

Observação importante! Peguei todas as fotos, exceto a última (embaixo de todo esse texto), do Cabelos Cacheados - Picasa, um album online que registra, por mês, dez novas fotos de cabelos cacheados e crespos, todos lindos. Tem muito mais de onde veio!

P.S.: Se você for uma das finalistas que teve a foto publicada aqui e, por acaso, não quer sua foto publicada aqui, fale comigo por comentário e eu tiro a foto numa boa ;)