sábado, 30 de junho de 2012

17 .jpg e .gif da viadagem toda, puro amor ♥

Ontem ou anteontem foi Dia do Orgulho Gay e acabei nem comentando nada a respeito, porque, né, sou a pessoa mais desligada para datas (promessa para vida inteira: lembrar de aniversários, lembrar de datas especiais, comprar presentinhos etc) e só soube quando chegou. Mas eu ainda queria comemorar esse dia no blog porque eu sou uma pessoa feliz (ainda mais com essa linda internet nova de 5Mbs. Pense que antes eu vivia com internet de 1/20 (sim, um dividido por vinte) de 1Mb. Pense num sofrimento). Eu queria muito falar milhões de coisas sobre como precisamos mudar, sobre como a sociedade é babaca, sobre como a religião atrapalha os direitos dos gays e etc, etc.

Mas pensei numa maneira mais ~ fofa ~ de comemorar tardiamente. Farei um Dia de Tumblr com fotos retiradas do Tumblr <3

(Meu agradecimento todo ao fofo do @lucasology que me recomendou tumblrs gays masculinos, já que eu só conhecia de lésbicas lol ~ e agradecimentos especiais à @malu_mad, @allbrinks, @mariana_link, @blanks20 que fizeram dessa noite de sábado uma noite inesquecível no twitter)

(aviso: eu perdi a relação que tinha de tumblrs trans* que eu pretendia incluir, então nem sei por onde começar ~ chora ~ mas prometo compensar depois.)





(as três acima foram pegas do tumblr cake-lady)

(eu aaaacho que foi esse tumblr ~mooglets~ que fez, mas não consigo achar a fonte original)













quarta-feira, 27 de junho de 2012

desculpa, sociedade, por eu não gostar das religiões.

Como atéia, eu vejo as religiões com muito cinismo. Eu não as vejo como algo positivo, nem mesmo sob o ângulo mais favorável. Eu entendo que pessoas acreditem em deus, e que sintam que precisem de deus. Eu realmente entendo que pessoas se sintam mais confortadas quando há um deus olhando por elas, e particularmente não as critico por isso, porque eu sinto que isso é religiosidade, que é bem diferente de religião. Eu entendo que pessoas sintam necessidade de se apegar a algo que nunca viram, nunca ouviram e acham que sentem como meio de conforto. Crianças, por exemplo, tem os chamados "amigos imaginários". Mas para elas, aquele amiguinho imaginário é tão real quanto a sua mãe. Ele apenas pode não ser visto ou ouvido por todo mundo, mas é palpável e tão real quanto o resto do mundo. Eu acho perfeitamente coerente que pessoas tenham esse tipo de ligação e compartilhem diversas crenças sobre "amigos imaginários" que recebem diversos nomes.

Oh, desculpa. Eu entendo que se você é uma pessoa religiosa, vai achar o que eu disse uma grande ofensa. Eu entendo que você deteste a idéia de seu deus, uma entidade tão poderosa e onisciente, seja equiparada a um amiguinho imaginário de uma criança. Afinal, você dirá, deus existe. Amigos imaginários não. Mas eu sinto profunda necesssidade de contradizê-la: quem disse que deus existe? Mas eu não quero entrar nesse mérito. Eu não diria à uma criança que o amiguinho dela não existe, eu não digo às pessoas que deus não existe. Pois vai que o amiguinho exista, vai que deus exista e eu seja apenas uma grande tola que ousou duvidar de algo que não tenho provas reais e científicas da existência.

Quero fugir do mérito da crença pessoal de "eu acredito em x" e entrar na questão de "eu sigo a religião x". Eu não acho a crença pessoal nociva (só um pouco esquisita), mas eu considero as religiões todas suspeitas e nocivas. Elas não seriam nocivas se elas se limitassem às crenças pessoais (a wicca, por exemplo, é simplesmente uma religião que fica só no âmbito privado), mas elas existem também no lado social. Existe um limite que a religião (incluindo aqui a católica, evangélica, espírita, muçulmana, judaíca, o diabo a quatro) simplesmente não deveria cruzar. É um limite que eu considero bem visível. A religião não deveria existir na política, para começar. Não deveria nem ter uma bancada cristã, porque não deveria ter partido religioso. Eu não sei como, diabos, um país que se diz laico pode ter partidos que tenham como proposta fazer do Brasil um país legal como manda o cristianismo. Eu não sei com que direito tem o papa de interferir na maneira dos países se governarem. Não concordo com os países islâmicos cujo governo é misturado à religião e então todo mundo daquele país tem que abaixar a cabeça e seguir as regras da religião. Acho abominável que em uma discussão de política pública como o casamento gay, a religião tenha que vir à tona.

Se você acredita que existe um deus, eu não tenho nada com isso. Se você acredita que gays são pecadores ou que o aborto é o pior pecado de todos, eu também não tenho nada com isso, simplesmente não vou querer ser sua amiga. Mas se você usa isso como argumento para validar a exclusão de uma minoria social da sociedade ou para continuar mantendo um padrão que mata milhões de mulheres todos os anos por aborto clandestino, então eu tenho algo a ver, porque você está se servindo de algo que deveria ser a sua crença pessoal para interferir nos direitos de outra parcela da sociedade que não pediu a sua opinião. E esse é o problema da religião: ela sempre interfere na vida dos outros, achando que é tão especial, sendo que ninguém pediu a opinião dela.

Então ficamos cheios de dedos para criticar a religião, com estrutura e tudo, porque as pessoas se ofendem tanto, já que acreditam e tudo o mais, mas não vejo o mesmo cuidado dessas religiões para conosco, pessoas que lutam por um sistema laico. Ao contrário, vejo cristãos no twitter choramingando que são perseguidos pelos ateus ao mesmo tempo que desejam a morte para qualquer pessoa que fuja ao padrão de "aceitável" deles, vejo pastores decretando ódio aos gays, vejo pessoas dizendo coisas tão estúpidas por aí sem se preocupar se estão ofendendo alguém por aí e quando são questionadas, apenas dizem que "eeeeu acredito assim, é da minha religião" como, se por isso, a opinião deva ser validada sem questionamentos, simplesmente porque tem fundo religioso. Simplesmente porque as pessoas consideram que religião não deve ser discutida, como algo sagrado e é esse o ponto aqui:

Não é.

Lamento pelos religiosos que se sentem atacados. Lamento pelos meus amigos queridos que são profundamente religiosos, mas o fato de vocês serem religiosos não é nada de mais. A Bíblia, os rituais, as crenças, tudo isso pode ser sagrado para vocês nesse âmbito particular (assim como muitas coisas são sagradas para mim, de forma não religiosa), mas não são sagradas fora disso. Você não é uma pessoa especial por ser religiosa, assim como não é especial se você é atéia. A religião é um tema como qualquer outro que deve ser discutida e questionada o tempo todo, especialmente se ela está interferindo na política, em direitos que todos deveriam ter, em questões de morte ou vida. A Igreja Católica ignora o fato de muitas pessoas se servirem do nome de deus para perseguirem homossexuais. Diversas igrejas evangélicas grita aos brados que gays são do demônio e fazem ritos de "correção". O islamismo permite que mulheres sejam assassinadas para lavar a "honra" da família. E mesmo aqui no Brasil, temos cultos estúpidos como os das Princesas que defendem que a mulher deve se preservar para achar o "seu" varão. A religião, enquanto estrutura, não só fecha os olhos como defende a misoginia, a homofobia e diversos outros preconceitos e crimes.

E então você dirá "mas não é a religião, são algumas pessoas que se servem do nome de deus inapropriadamente" . Mentira. As pessoas que são profundamente religiosas e que não concordam com tais preconceitos ou que entendem que a religião deve ser separada do Estado é uma minoria. Enquanto o Papa continuar criticando o uso da camisinha, enquanto bispos continuarem excomungando quem fez o aborto, mas não quem estuprou a garotinha de nove meses, enquanto Estados continuarem tendo sua bancada cristã, enquanto países continuarem tendo governos motivados pela religião, o problema não é de dez ou vinte pessoas. O problema é da sociedade inteira. Não são fanáticos religiosos que atacam pai e filho porque acharam que fossem gays. São pessoas tão comuns quanto eu e você, são pessoas que diriam a mesma coisa de "pessoas se servem do nome de deus". São pessoas que recebem o respaldo silencioso de diversas instituições religiosas, são pessoas que seriam amigas da galera.

Ku Klux Khan não seria o que foi se fosse apenas um grupo de arruaceiros racistas querendo assustar se não houvesse uma sociedade inteira a dar respaldo para o que ela fez. O Brasil, com todo seu povo hipocritamente cristão, tem um sério problema com religiões. Então vamos tirar as religiões da política. Vamos tirar os partidos cristãos da bancada. Vamos tirar os crucifixos dos prédios públicos. Vamos acabar com essa história de rezar em escolas públicas. Vamos cobrar impostos de igrejas como a Universal que enriquecem a custo da vida de muitos dos seus fiéis. Vamos parar com essa história de acreditar que a pessoa é boa só por ser religiosa. Vamos acabar com essa história de pormos nossas crenças pessoais a cada vez que discutirmos políticas públicas. Ninguém quer saber a opinião da Igreja Católica sobre o aborto, porque não é ela que paga os custos que o governo tem com mulheres morrendo no SUS por conta dos abortos clandestinos. Ninguém saber a opinião de Silas Malafaia sobre gays, porque não é ele que pode repor a vida dos gays que morrem assassinados todos os anos só por serem gays. Então porque ainda pedimos a opinião dessa galera como se fossem importantes? Não deveria ser.

Quando falamos de política, religião não deve existir.
Quando falamos de ciência, religião não deve existir.
Quando falamos de qualquer coisa que precise de fatos, religião simplesmente não deve entrar na equação. Padre não tem que dar pitaco. Deixem as religiões para os templos. Deixem a política para a Câmara. Cada macaco no seu galho.

domingo, 24 de junho de 2012

kristen, charlize and audrey ♥

Assisti dois filmes nesses dias aí, e faço questão de comentá-los. Uma crítica grandinha, outra pequenininha.

O primeiro deles é o Branca de Neve e o Caçador com Kristen Stewart, mais conhecida por Crepúsculo (no qual encena uma deprimente adolescente com graves problemas de auto-estima) e The Runaways (em que faz uma rock star muy loca). Eu o vi no cinema, dublado (choremos pitangas aqui para minha incapacidade de decifrar duas linhas de áudio: uma com a trilha sonora e barulhos de fundos, e outra com os diálogos. Meu aparelho não faz milagre), e eu tenho algumas opiniões concretas a respeito dele.

1ª coisa: em que mundo, Senhor, Kristen é mais bonita que Charlize? Quando Charlize, em toda a sua beleza maléfica, pergunta ao Espelho a clássica pergunta de ~ quem é mais bonita que eu, ó nobre espelho ~ e o Espelho responde que é a Branca de Neve, não adianta. A dúvida se instala na sua expressão e então você se responde: em que mundo? Não que Kristen seja feia, mas bora combinar que Charlize está simplesmente impagável. Está surrealmente bela nesse filme. Não dá para comparar com a beleza de Kristen, meio brotinho demais.

Mas, né, Branca de Neve é o conto de fadas mais injusto que existe. Se vocês querem saber minha opinião, acho horrível a idéia de uma pessoa que seja tão branca quanto neve com lábios da cor do sangue. Não sei, me faz pensar em vampiros e vampiros me lembram cadáveres. Não acho a idéia muito atraente. Enfim, voltando ao filme.

2ª coisa: Kristen aprimorou seu catálogo de expressões faciais. Percebi que ela consegue sorrir um pouco mais e é realmente decente em cenas muito movimentadas de profundo desespero. Não sei o que precisaram fazer, mas ela conseguiu arregalar bastante os olhos nessa cena (na cena que ela entra na floresta pela primeira vez, por exemplo). Sou otimista e sempre acredito em aprimoramento. Ela consegue muito mais. De duas em duas expressões, uma hora ela chega a cem. Estou lá torcendo por ela.

3ª coisa: achei digna a fotografia e a direção de arte. O filme é lindo. Volta e meia eu esquecia de prestar atenção no áudio e ficava só observando os detalhes do figurino, do cenário, da maquiagem. É tudo muito lindo, muito bem cuidado. As cenas com Charlize são as que mais merecem atenção, creio eu, porque estavam um espetáculo de tanta beleza. O Espelho Mágico com todo seu dourado, é realmente muito bonito, porém:

4ª coisa: que coisa breguíssima e cafonérrima é aquele bosque encantado. Juro, parecia um filme da Barbie.

5ª coisa: quem vê, até pensa que rola conflitozinho pelo coração da Branca de Neve entre o Caçador e o Príncipe. Até que tentam um pouquinho, mas você vê o começo, já sabe com quem ela vai ficar no final.

6ª coisa: achei digno os efeitos no geral, e eu só estou lembrando dos corvos. Não quero lembrar daquela floresta brega.

7ª coisa: como feminista, achei digno que a Branca de Neve não ficou relegada à posição de princesinha submissa enquanto os machos trabalham. Ela é a líder do exército e é bem respeitada como tal. Ela está na frente, mesmo que nunca tenha mandado em nada na sua vida. Achei digno, sabe. Não que o filme seja feminista, longe disso, mas é só porque dá uma espécie de alívio quando você vê que a protagonista lidera um exército e é respeitada, sem ser colocada em um papel de objeto sexual ou algo assim. Ela nem precisa decidir sobre com quem se casar, até porque isso não é o mote do filme. O mote do filme é ela conseguir acabar com a Rainha e reassumir seu trono como é de seu direito. E ninguém perde tempo falando sobre que ela precisa se casar com o príncipe pra ser rainha. Ela é rainha, ponto.

8ª coisa: achei poético as moças com cicatrizes nos rostos para fugirem da Rainha que procurava ~ a mais bela do reino ~ matando as jovens que encontrava. Essas moças refugiadas, então, marcavam seus rostos com longas cicatrizes para que elas pudessem escapar, e assim viverem em paz. Achei profundo. Dava uma bela história se fosse mais bem desenvolvido.

9ª coisa: Charlize brilhou. Ninguém liga pro caçador, pra Kristen, pra fotografia, nada disso quando se tem Charlize fazendo a Rainha Má. O roteiro não deu espaço, ficando muito no superficial, mas ela foi lá e se esforçou para fazer uma personagem profunda com algumas nuances. Dá pra sacar que ela é assim por conta de um feitiço da mãe, e tudo o mais, e talvez venha daí sua maldade. Ela realmente foi tão bem no filme que eu chamaria ele de A Rainha Ravenna e Foda-se o Resto só para falar dela.

Em suma, dou umas duas estrelinhas e meia para o filme em cinco. Tá, eu dou três para o filme em geral e cinco para Charlize porque ela merece.

CHARLIZE SUA LINDA ♥

Esse fim de semana resolvi ser uma pessoa culta, porém. Resolvi ter cultura e classe na minha formação, e resolvi assistir o clássico A Bonequinha de Luxo. Eu me abstenho de qualquer opinião.

Eu achava que o filme falava de ~ garotas de família ~ e tal qual foi minha surpresa ao ver a chique, clássica, elegante Audrey encarnando uma garota de programa chamada Holly que é simplesmente chique, clássica e elegante. Holly virou minha ídola. Sabe aquela pessoa que acorda depois de uma ressaca fdp, que dá festas homéricas onde há atividade suspeita por baixo das saias, que saiu com 26 "ratos e super-ratos" em busca de um cara rico que a banque com classe? O filme não tem sexo, mas tem insinuações o tempo todo. O filme não tem rock'n'roll, mas pra quê? O filme não tem drogas ilícitas, só o álcool em abundância (que o diga a Audrey com os pés enfiados na pia da cozinha enquanto reclama por um uísque, sendo que já tá caindo pelos cantos de tão bêbada).

A história é basicamente sobre a relação que Holly tem com seu novo vizinho, Paul, que ~por acaso~ é sustentado pela amante dele (um garoto de programa fixo, praticamente). Acho interessante e subversivo.

Eu, particularmente, super recomendo o filme. Mas, sabe, tome aquela dose de auto-estima antes porque é muito deprimente ver Audrey. Ela é uma daquelas mulheres que nascem a cada cem anos só para fazer o mundo sentir raiva de sua beleza. Você a acha bonita só pelas fotos? Eu garanto que em vídeo, ela é mais ainda. Depois de ver esse filme, eu senti uma louca vontade de me jogar do viaduto. Mas, enfim, vamos convivendo, né. Cada qual com sua (ausência de) beleza.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

lana del rey de gatinha e outros wallpapers ♥

Bem, depois de uma semana agitada no qual fiquei muito ansiosa graças à apresentação do meu projeto do PIBIC (Projeto de Iniciação Científica) que aconteceu hoje e foi tudo bem (amém, agradeço à orientadora, aos meus amigos, à família, a quem inventou esse maravilhoso software que é o Photoshop mesmo ele me odiando), eu resolvi voltar a fazer wallpapers ♥

(o photoshop gosta mais de mim. esses dias eu fiz até convite de formatura todo bonitinho. e ele deixou. ele até colaborou)

Espero sinceramente que vocês gostem desses wallpapers, de coração. Eu resolvi ir por outra linha de edição porque, bora combinar, não sou exatamente boa nisso. Enfim, vai lá.

Se vocês já sabem como baixar, beleza, se não sabem, é simples:

→ Clique aqui e escolha o wallpaper que deseja.
→ Tem um botãozinho acima da imagem chamado Ações e nele tem a opção fazer download dessa foto. Clique nele.

E então você terá o wallpaper no tamanho original. Todos eles estão em 1440 x 900.


Dita Von Teese:



Frase dos Beatles + fundo de espaço lol:


Lana Del Rey de gatinho <3


Madonna + quote dela <3


Alice no chá das 5. O texto é um poema do livro.


Beatles =)

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Fico grata de coração pela repercussão positiva do texto anterior. Não sei lidar com pessoas dizendo para mim coisas como "seu texto é ótimo, muito bom" nos corredores da escola, mas um dia saberei, então beleza.

Mas, enfim, fico realmente agradecida. E fico contente de ver que vocês gostaram tanto a ponto de compartilhá-lo no facebook e tudo o mais, e essa é uma daquelas coisas que me faz ficar feliz. Enfim, é isso.

sábado, 16 de junho de 2012

queridos professores,

Na minha escola, alguns professores resolveram que um grupo de e-mails era um ótimo lugar para vomitarem alguns lixos humanos, como homofobia, racismo, xenofobia, etc. Eu ainda estou achando incrível que pessoas consigam demonstrar seu racismo de forma tão clara em um país que isso dá cadeia, e ainda mais incrível pessoas odiarem nordestinos sendo que vivem na Bahia entre baianos e, provavelmente, são nordestinos também. Além de ser surpreendente que alguém consiga ser homofóbico em uma escola como a minha, mas talvez seja só o meu círculo social que seja muito gay-friendly.

Não vou dizer que me surpreendo com o fato de serem professores, porque aprendi há muito tempo que professores tendem a ser tão irresponsáveis, incoerentes, preconceituosos e nojentos quanto o resto da humanidade. Uma licenciatura devia ensiná-los a lidar com pessoas e a diversidade entre eles, mas não é algo que parece acontecer. Então quando soubemos que um grupo estava sendo infectado com comentários dessas agradáveis pessoas que cruzam nosso caminho, sinto dizer que não me choquei com isso. Já vi pessoas falarem coisas tão horríveis na internet que ainda prefiro, em algum ponto da minha mente querendo se proteger, que elas realmente não pensam isso, só estão com raiva e ódio e verbalizando coisas que não diriam. Lamento dizer que sempre percebo estar errada. Essas pessoas realmente pensam assim.

Essas pessoas, de quem ainda não sabemos os nomes, são os nossos professores. Elas estão lá na nossa frente nos ensinando coisas, sendo admiradas ou odiadas. Elas deveriam ser o nosso exemplo, mas não são. Elas lidam com jovens o dia inteiro. Elas estão na Bahia, elas estão entre negros, elas estão entre gays, elas estão entre mulheres e, no entanto, sentem-se no direito de destilarem todo seu ódio para com tais classes - pelo que sabemos, só as mulheres escaparam dos ataques, mas eu reconheço a linha de raciocínio. É fácil pensar de onde vem a homofobia. É fácil concluir que eles se acham prejudicados simplesmente porque são homens, brancos, heterossexuais, cissexuais, classe média. Se sentem alvejados porque estamos aqui, exigindo nossos direitos enquanto cidadãos.

E eles são professores de uma instituição federal. É tão vergonhoso ter que fazer um Ato Público reunindo pessoas de diversos movimentos sociais porque professores de institutos federais estão sendo babacas. É tão ridículo que alunos que se choquem com seus professores, que alunos simplesmente tenham que se perguntar sobre o quão bom pode ser um professor se ele nos odiará se formos gays ou negros. Quando alunos destilam seu ódio e envenenam relações, professores podem chamar os pais, fazer trabalhos sociais, conscientizar turmas com vídeos e livros.

Mas e quando é um professor? O que a gente faz?

Sabe, e essa é a parte mais assustadora. Nós vemos pessoas odiando gratuitamente outras pessoas na internet. Eu, como atéia, vejo diariamente pessoas odiando ateus só por serem ateus em diversas páginas da internet. Eu sinto cada ofensa diretamente à mim, porque estão falando de mim. Elas falam do quão eu sou horrível, sem coração, e desejam que eu sofra um acidente e quase morrer para conhecer deus. E como mulher, eu também vejo ódio. Homens se sentindo ameaçados, homens que dizem que todas as mulheres são interesseiras, que são vadias, que são burras e estúpidas. Sou constantemente atacada pela mídia por ser atéia e mulher. E então tem toda a homofobia que me sinto pessoalmente atingida, ainda que preencha "heterossexual" em uma ficha, e tem todo racismo porque eu sei que não sou toda branca e algumas das críticas racistas me atingem também, e ainda tem toda a xenofobia - nasci no Rio, mas vivi a vida toda na Bahia. Em suma, eu reúno tantas características que me fazem sentir cada um desses preconceitos de forma muito pessoal. Quando pessoas estão odiando gays, mulheres, negros, nordestinos, ateus ou qualquer outro grupo de pessoas, eu sinto que elas me odeiam.

Mas você nunca pensa que essas pessoas existem. É como se a gente pensasse que elas vivem nas ruas com um "EU ODEIO GAYS" enorme estampado na testa, como se pudessémos claramente distinguir quem são nossos amigos e nossos inimigos. Mas não dá. Eles são professores. São os NOSSOS professores e eles estão lá, dando aulas, mas quando chegam em casa, eles nos odeiam tão profundamente que é difícil de imaginar. É tão difícil associar o comportamento de um nickname na internet ao da pessoa real, por trás daquele nickname. É tão difícil perceber que mesmo pessoas que parecem amigáveis, "gente boa", carismáticas possam odiar tanto. Eu gostaria de imaginá-los como lobos em pele de cordeiros, mas não é isso que são. Queria poder conseguir pensar que basta educá-los. Que são legais, que é só a sociedade doente.

Mas não dá.

Porque, de fato, a sociedade é doente. Mas essas pessoas já estão envenenadas. Elas estão simplesmente destilando veneno porque não há organismo suficiente para tanto ódio, tanta falta de empatia, tanta maldade. E eu penso nesses professores como pessoas sem rostos, porque eu só sei de um ou outro nome, mas não tenho certeza. Só sinto que elas estão perto de mim, rodeando a mesma escola em que estudo, ensinando coisas que eu não sei. Me pergunto se elas sabem sobre mim. Se essas pessoas sabem que eu as odiaria se eu soubesse sobre o histórico de sites que elas visitam, e então eu percebo que eu não deveria odiá-las de volta. Mas é impossível. E essa é a parte mais triste. Eu só consigo torcer para que outro grupo de professores consiga o que quer. Só espero, sinceramente, para que a escola inteira saiba dos envolvidos e ainda que seja doloroso caso um deles seja alguém que eu goste muito, eu ainda terei esperanças de que eles possam mudar. Porque se essas pessoas que odeiam tanto não mudarem, vai ser difícil coexistir.

Não é necessário, porém, que elas deixem de nos odiar. Só é necessário que elas aprendam que eu ocupo o mesmo espaço que elas, e eu - assim como outras pessoas - não permitirei que elas nos insultem como bem entenderem, achando estarem impunes. É difícil, eu sei, mas se a sociedade brasileira está doente, tudo o que nos resta é tirar o veneno. Talvez espremendo o organismo, talvez injetando sangue novo, talvez matando de vez. Mas só quando deixarmos de nos envenenar, é que poderemos ter uma vida saudável, com pessoas saudáveis ao nosso redor.