quarta-feira, 25 de abril de 2012

bora rodar bolsinha na BR que tá tudo resolvido.

Aquele momento que você tem que decidir agora e o depois e aí você se fode porque não sabe e sabe que qualquer escolha idiota agora vai fazer com que seu depois seja uma merda. Aí você pensa em fazer algo que vai te dar rios de dinheiro, mas, opa!, você não sabe fazer aquilo. Você pensa em fazer Engenharia, mas, epa, seu conhecimento matemático se limita a um mais um. E coitado de quem te perguntar a raiz de 144 que você ainda vai parar por um segundo até lembrar que é 12 (porque você não calcula, você lembra o que aprendeu no ensino médio). Aí você para e pensa: todo mundo quer fazer medicina. Vou lá euzinha fazer também. Mas aí você tem que lembrar que justamente por ter um trilhão de pessoas por vaga que você simplesmente não tem chances de passar. Além disso, você tem horror a cirurgias e coisas do gênero. No máximo uma série que se passa em um hospital, tipo House. Esse é o seu máximo. Ok, nada de medicina.

Você senta. Você pensa.
Poxa, arquitetura seria legal.
Não. Você nem sabe fazer uma linha reta no papel - mesmo com uma régua.

Aí você olha as listinhas de cursos dados por todas as universidades do mundo. Aquela que tá perto da sua casa entra na lista. Aquela que tá num buraco no meio do Vietnã também. Todas são possibilidades (e nesse ponto, você prefere ir pra Vietnã do que viver mais quatro anos na cidade que você vive. Não que você odeie sua cidade, é porque você enjoou da cara dela. I'm sorry). Que tal ser programadora? Sei lá, deve ser foda saber criar jogos super divertidos. Cool. Nerdice garantida. Espera. Calma. Você acha que Java é uma palavra em tailandês pra qualquer merda que sempre aparece no celular do nada. É. Não dá.

Vou ser professor, então, você diz. Enche a boca pra passar dias de sua vida de como você vai mudar a educação do país. Como seus alunos saberão o alfabeto, contas de somar, subtração, raiz quadrada, todas as capitais do país e datas históricas e, de quebra, dançar sapateado graças a um projeto revolucionário que recebeu o prêmio Civita. Então você acorda e lembra que professores recebem uma miséria nesse nosso querido Brasil pra fazer o trabalho do Estado, dos pais, da sociedade inteira. Aí você esquece seus planos mirabolantes, suas sensacionais táticas de disciplina e resolve pensar em outra coisa. Se professor de criança e adolescente não dá, bora progredir e virar professor doutor, né? De universidade. Você morre de preguiça só de pensar nos miraculosos anos estudando pra mestrado, doutorado, pós-doutorado e sei lá mais quantos graus que mais parece maçonaria. Quando você se sentir evoluído o suficiente pra ser o bam-bam-bam dos acadêmicos, meu amor, vai estar na cova. Lamento informar.

Aí bate aquele desespero. Não quer Moda porque todas as garotas resolveram que vão fazer Moda e nem sabem o que é camurça (se você perguntar, dirão que é um... tecido macio usado nas botas? E essa é uma resposta animadora). Moda envolve garotas que querem ser modelos, gente que quer ser estilista, poses esquisitas que se passam por artísticas em fotografias. Ok, próximo. Jornalismo? Pourran, taí algo legal. Que paga mal pra cacete e provavelmente você vai ter que trabalhar pra uma Veja da vida. Ok, não. Vamos lá, que tal Direito? Imagina a si mesma de sainha. Sandalinha. Coquezinho. Advogando. Um N Ã O estampa sua face (e isso porque você nem chegou a pensar em virar juíza federal - que o negócio fica bom, com armas de fogo e tudo o mais - ou em concursos públicos - estabilidade garantida, mas depois de uma doce vida de muitos estudos e você achando que vestibular já era ruim!).

Nesse ponto, já se pensa em alternativas.

Que tal virar hippie? Sei lá, você só precisa gostar de fazer bijuterias, viver em comunhão com a natureza e ser bem paz e amor. Poxa, não rola. Tudo bem. Bora pra próxima: puta. Pensa um pouco. É mesmo. Bota uma sainha, um topzinho, sandália de salto, maquiagem forte e tira toda a vergonha da cara pra sair por aí. Mas aí tem que ver se o preço que te pagam é justo, se dá pra se virar com aquilo, sem contar que a máxima promoção que vai receber na carreira é cafetina. A menos que encontre alguém rico pra te bancar, mas isso é tipo uns 0,0000001% das prostitutas. A maioria termina drogada ou assassinada seja por clientes ou por seus cafetões. Beleza, você diz. Vamos pensar em outra coisa. Pode ser assassina profissional. Pena que fere a ética e você não se sente muito bem nem colando na prova, que dirá matando pessoas a dinheiro. Pode dar o golpe do baú em alguém podre de rico e com pé na cova. Ok, esquece. Você não tem malícia de Paola Bracho.

"Quer saber?", você diz, "foda-se. Vou virar freira e tá acabado".

E aí você lembra que freiras não fazem sexo.


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