sábado, 31 de outubro de 2009

duas dicas e

um texto meio longo.

A Onda



O filme é assustador. Não é de terror, nem de suspense, nem tem assassinatos ou qualquer coisa do gênero. Nada de fantasmas, nada de assombrações, nada de feitiços, bruxas vingativas nem heranças malditas. Aqui o que está em questão é a capacidade do ser humano de se deixar levar pela intolerância e fanatismo em apenas cinco dias.

O professor Rainer Wenger tem que explicar autocracia (governo de um sobre todos, de forma beeem básica) para uma turma de jovens alemães. Porém esses jovens dizem que seria impossível aplicar um regime como uma ditadura na sociedade atual, e o professor tem uma idéia. Para mostrar como é possível o facismo voltar, ele implanta uma série de regrinhas. Começa a organizar as cadeiras, a mandar que cada um o chame de Sr. Wenger e a se levantar quando falar. Na segunda-feira. Na sexta-feira, ele tinha conseguido fazer um grupo com símbolo, código, uniforme e unido de uma forma impressionante. Ao perceber que as coisas estavam indo longe demais, resolveu parar - no sábado. Porém pode ser tarde demais...

O filme fala de como somos capazes de nos deixar levar pela idéia de pertencer a um grupo, de sermos aceitos por este mesmo grupo. De como é atraente viver em uma sociedade, tendo símbolos como um uniforme que elimine as diferenças sociais. E mais do que tudo: o filme nos fala de como é possível um regime como o facismo voltar: a mente humana é facilmente manipulável.

Detalhe: o filme foi baseado em um romance, e esse romance se baseou em fatos reais. O experimento ocorreu na California, e fugiu ao controle. O filme é um lembrete de como somos frágeis quando sozinhos, e fortes quando juntos.


Fronteiras do Universo (OBS.: pode conter spoilers)



A trilogia é magnífica.
Começando por Lyra Belacqua, que vem de um mundo no qual as pessoas tem um 'daemon' que é como se fosse uma expressão de sua alma na forma de um animal, e você o ama tanto como a si mesmo. Ela vive numa universidade e não aprende quase nada, porque morre de preguiça e os professores não tem muita paciência de ensinarem algo para alunos desinteressados. Até que um dia seu melhor amigo, Roger, é sequestrado pelos "Papões" que andavam roubando crianças e ela acaba indo com a Sra Coulter para aprender coisas.

A partir daí a trilogia se desenrola sobre Lyra e sua capacidade de mentir para qualquer um sobre qualquer coisa, Will e sua honestidade absoluta, Serafina e sua sabedoria, Sra Coulter e sua ambiguidade, os ursos ferozes com seus metais e bons corações, e acima de tudo: a luta contra a Autoridade. A Igreja Católica tem razão quando fala que Fronteiras do Universo é uma trilogia praticamente anti-cristã: o cristianismo é criticado, pisado, humilhado na série, tida como vilã. Deus não está morto, mas deve morrer para o bem da humanidade. Pecado não existe, intolerância deveria se extinguir, e é possível viver uma vida decente sem Deus.

Em síntese, a trilogia fala sobre religião, amor, fé, ciência e lealdade. Afinal quantas pessoas por aí viajam até o mundo dos mortos para se desculpar com uma pessoa? Quantas pessoas roubam uma casa e deixam uma moeda em cima da mesa para pagar o que levou? Quantas pessoas decidem viver longe de quem ama para não prejudicarem o mundo? Quantas pessoas são capazes de amar integralmente? E quantas pessoas cometem crimes e decidem largar por causa de alguém?

Eu recomendo. Muito.


Tá, então como o mundo começou?



Aqui vai uma críticazinha aos crentes que me enchem o saco: não é porque sou atéia que devo saber como o mundo começou, como a raça humana surgiu, como surgiu o universo, como apareceu a primeira flor, como se faz ter o sol pra cá, porque o céu é azul e bla bla bla. Sou estudante, não cientista, física, quimíca, matemática, biológa. Não tenho obrigação de saber dessas coisas. Ser ateu não significa ser detentor das sabedorias. Ser ateu não quer dizer que sabe de tudo. Ser ateu significa simplesmente não acreditar em alguma divindade. É difícil entender nisso?

- Mas você acredita em quê?
- Na família e na pátria -NNNN, :D
Não, não temos obrigação de acreditar em alguma coisa. Não acredito em Javé, nem em Afrodite, nem em Alá, nem na Freya, nem em Tupã, nem na Deusa. Pode me dar o nome de qualquer deus, EU NÃO ACREDITO. Não acredito que alguém, por uma força mística, fez surgir o mundo. Não acredito que o ser humano apareceu por vontade de algum ser. Assim como é tão fácil pra vocês imaginarem que tem alguém vigiando vocês, pra mim acho complicado pensar que tem um senhor de barba branca me olhando quando vou pra escola. E, aliás, prefiro que não tenha porque acho que pessoas que ficam vigiando outras pessoas ou são psicopatas querendo matar ou são detetives particulares. Se tenho bronca até com Edward Cullen porque ele fica observando a amada dormir sem ela saber, porque excluir o Deus disso?

Acredito na ciência. Porque a ciência não diz: A COISA É. A ciência diz: PELO QUE DESCOBRIMOS, A COISA ROLA DESSE JEITO. MAS PODE MUDAR :D
E quanto a teoria da evolução de Darwin... bem, meus queridos, podem gritar, espernear, se melindrarem pra gritar que nããão, nós não viemos do macaco, que os fósseis são brincadeira divinas, que Darwin estava errado, que a teoria está errada, etc, etc, etc.
Mas Darwin nuunca disse que viemos do macaco, e se os fósseis são brincadeiras divinas, então perguntem vocês aos seus deuses se eles não tem coisa pra fazer pra perder tempo confundindo os cientistas. E se a teoria da evolução estivesse mesmo errada, ela teria sido derrubada há muito tempo. Mas como, até agora, ninguém conseguiu provar um "A" contra a teoria...

- E quando a gente morre, rola o quê?
- Nada. Vira pó, cinza, grama.
- Ek.
Não vejo qual é o problema em morrer e pronto. Eu entendo que as pessoas querem um prêmio de consolação, entendo que elas queiram que ao morrer, elas ganhem uma ida pro céu e tal. Eu mesma gosto da idéia de que haja um paraíso bem legal, ou então que a gente vire fantasma e fique assombrando as casas. É gostoso, é confortável imaginar isso. E é uma espécie de tranquilizante pra gente, porque se a nossa vida é ferrada, a gente pode ter o consolo da vida após a morte ser legal.
Mas, sorry, eu não quero disso, e não preciso disso. Acho que ninguém precisa, na verdade.

Eu não quero ser boa porque um deus disse que vou ter o paraíso se for assim. Eu não vou pra igreja, e me recuso a acreditar simplesmente porque é melhor pra mim que acredite em algo e ganhe os benefícios divinos. Ao contrário, eu quero ser boa e honesta, porque eu acredito que toda a sociedade devia ser assim. Se eu ajudo meus colegas a estudarem história, não é pra ganhar créditos divinos, e sim porque gosto de ver que aquelas pessoas serão beneficiadas só com dez minutos do meu tempo. É uma questão de bondade e de bom senso. E nada a ver com interesse em um suposto paraíso divino.

E quando eu morrer, eu quero sentir que toda a minha vida valeu a pena: de que eu tive o paraíso na terra. Quero sentir que fiz pessoas ficarem felizes, que ajudei pessoas que precisavam. Que eu estava ao lado dos meus amigos, que eu amei tudo o que pude amar e um pouco mais. Eu quero morrer com a consciência de que não perdi a minha vida sentindo ódio de quem não merece, e de que eu fiz algo bom com o tempo que me foi dado.

Se eu morrer sentindo isso, posso garantir a todos vocês: eu não precisarei de um paraíso, nem de um inferno. Porque terei vivido bem.


E se houver um Juízo Final e houver um deus para julgar minhas ações, não fugirei. Assumirei a minha descrença com honra e orgulho, porque eu fui honesta e leal em toda a minha vida. E se um deus manda ao inferno alguém bom só porque essa pessoa não acredita, bem, eu me sentirei feliz de estar no inferno: preferia ficar o mais longe possível de um ser intolerante e egocêntrico.



DICA: copie o endereço da imagem ("copiar endereço da imagem" se usa Firefox, "propriedades" se usa IE) e veja a imagem toda. Ela foi cortada aqui D:

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