segunda-feira, 7 de março de 2011

clubes noturnos e violinos,


Olha, eu não esperava grande coisa de Christina enquanto atriz não. As pessoas que me conhecem sabem o quanto eu a amo, idolatro e venero e eu praticamente sou aquele tipo de fã que acha que ela é a melhor em tudo que faz e não deve ser subestimada, nem seus talentos questionados. Mas isso é papo de fã e eu como fã ardorosa fiquei com receio quando o filme Burlesque, primeiro filme com ela e tudo o mais, iria estrear. Porque, vocês sabem, cantoras pop raramente dão boas atrizes. Quer dizer, temos bons exemplos como Barbra e Cher. Acontece que isso não é regra, e sim exceção. Madonna só se destacou mesmo em Evita, o único filme que todo mundo deu crédito e rendeu prêmios. Mas veja a ex-amiguinha de adolescência de Christina, a Britney Spears. Vá ver o único filme que ela fez, lá na época que ela sensualizava com uma cobra. Crossroad é um filmezinho adolescente totalmente clichê e a atuação de todo mundo é duvidosa. Nada ajuda: nem o roteiro, nem a história, nem a Britney salva a trama. Então vocês podem imaginar o meu receio ao imaginar como Burlesque seria, ainda mais porque Christina não é exatamente lá essas coisas em drama (Hurt e You Lost Me, seus videoclipes mais chorosos, comprovam isso).

E não é que me surpreendi? Sabe, Burlesque não é nenhuma obra de arte. E eu sou suspeita para falar porque eu amo musicais e amo filmes sobre mulheres. Musical é um gênero que me atrai desde criança por ter muita dança, muita música, muita arte, é algo que é maior do que apenas um filme, é só aquele sentimento de você estar ali, representado no meio da fotografia, atuação, roteiro e música. Para mim, o melhor musical é Chicago, eternamente, e não existe um que eu consiga odiar realmente, por mais que seja ruim (tipo High School Musical). Sempre acho que musicais, por piores que sejam, sempre tem uma música boa no meio disso tudo ou algum momento cômico que faça você dar um sorriso. Então eu sou totalmente suspeita para falar de Burlesque, porque é um musical recheado de números de dança muito bem orquestrados e trabalhados, e eu adoro músicas do gênero. E eu amo Christina Aguilera, acho a voz dela linda e perfeita - mesmo ela não tendo tanta técnica quanto, sei lá, Mariah Carey.

Quem se destaca no filme? A Christina, por ser protagonista, obviamente. Ela tem 30 anos, mas no filme parece uma jovenzinha de vinte anos com seus cabelos loiros e brilhantes (uma peruca obviamente, já que na época das gravações ela estava com o corte chanel) e olhar de criança. E tem vezes que você consegue esquecer que ela é a Christina - vencedora de cinco Grammys - e só vê a Ali, garota que veio do interior para fazer sucesso. A atuação dela se garante ali. Mas não espere demais do roteiro, porque a história não tem nada de mais. O começo é risível - em menos de cinco minutos, a Ali já chega em Los Angeles para fazer sucesso e simplesmente não tem espaço para desenvolver a personagem. Sabemos muito pouco dela antes, e depois descobrimos somente que ela não tem ninguém e que a mãe dela morreu quando ela tinha lá uns sete anos. Os outros tem seu destaque: Cam que interpreta um garçom pianista de músicas nunca prontas e possui um estranho ar de mímico quando está usando delineador, a Cher que é a chefona do local e até que se dá bem, mesmo com todo o botox que impede pessoas de atuarem bem, Kristen Bell faz uma malvadinha vilã que não assusta nada e o adorável Stanley Tucci que absolutamente brilha em Ossos Adoráveis (minha tradução do filme que é conhecido como Um Olhar do Paraíso, fiz uma review dele aqui) volta ao seu papel em O Diabo Veste Prada para ser um cara que simpatiza com a mocinha e é um amável amigo da durona.

Mas o que segura o filme nem de longe é a história, é simplesmente as perfomances. Uma a uma elas se sucedem, tendo pouco a ver com a história do filme em si (o que diferencia dos musicais como Moulin Rouge ou Chicago, cujas músicas eram entrelaçadas à história). São, em geral, números do clube noturno que é o palco principal da história, mas você não desejará pulá-las: a dança frenética e ritmada, a voz poderosa de Christina que guia a maioria das músicas e a atuação que fica entre cômica e sensual combinam muito bem, como se fossem plano de fundo da vida que todos ali tem, mas ao mesmo tempo sendo o elemento principal. Eu adoro comentar as músicas. Tenho adoração especial pela primeira, a Something's Got A Hold On Me que é contagiante e divertida. Mas você só começa a se surpreender quando Christina canta Tough Lover, no começo à capella, depois tendo a banda. Mas no meu olhar de fã, eu acho que a melhor perfomance é a da música But I Am a Good Girl. Eu sei que as pessoas preferem Express que foi perfomada no AMA 2010 ou Show Me How You Burlesque, mas eu adoro essa partezinha adorável de uma garota brincando com grifes. Christina está absolutamente linda e amável, e dança melhor do que nunca (e eu espero, sinceramente, que ela lembre de todas as aulas de dança que teve na hora de fazer suas futuras turnês). Basicamente o roteiro é clichê, mas a atuação, música, figurino, bem todas essas coisas são tão deslumbrantes que faz valer as suas duas horas valerem a pena.

Para baixá-lo [legendado]: Filmes com Legenda



Mas se você não gosta de musicais ou de cantoras pop, eu sugiro outro filme. Ele é sueco, o que confere um automático ar cult - não importa o quão trash seja. Você sabe que europeus nunca são ruins, somente "cult trash". Europeus sempre tem classe. O filme em questão chama-se LelleBelle - não sei o que exatamente significa o título, acho que está relacionado ao nome da garota que é "Bella sobrenome-que-não-lembro". E você deverá ver se você gosta de filmes suecos, filmes sobre música clássica e/ou filmes sobre sexo - em todos os sentidos. A protagonista Belle é uma garota de 19 anos, virgem (sim, essa informação é importante) que só pensa na carreira. Ela quer ser uma grande violinista e passa horas ensaiando várias composições clássicas, e é a única em seu meio que não pensa muito em sexo - seu namorado está louco para chegar nas finais e sua mãe trabalha com algo relacionado (não explica muito bem, é como se fosse um retiro para casais transarem). Ela consegue uma audição em uma escola conceituada de música, fica toda empolgada e corre para fazer a primeira fase. E toda sua vida muda.

Belle acaba descobrindo que ela toca melhor violino quando ela recém-acaba de dar uns amassos em alguém - descobriu isso quando um estranho aparece do nada e lhe beija antes de ela prestar a primeira prova, o que deixa ela alvoroçada e cheia de fogo - e faz com que ela passe para a segunda fase. Daí em diante, Belle passa a procurar o rapaz que lhe beijou e pensa que para que possa tocar violino maravilhosamente, ela precisa de sexo - e busca isso com garotos de programa. O filme não tem o típico ritmo de Hollywood e nenhuma piada suja a respeito, somente as cores vívidas e a poesia delicada da fotografia e cenas - que são explícitas. Não considero que seja exatamente um filme que você veja em uma família conservadora, considerando que não existe barreiras nem obstáculos: há sexo entre meninas e orgias sensuais, e não há nenhuma discussão sobre se o que ela está fazendo é certo ou não. Não existe ninguém para dizer que ela deve se prender ou não, e Belle descobre aos poucos o que a satisfaz e o que a deixa insatisfeita e como ela deve buscar a melhor maneira de explorar seus talentos sem magoar pessoas, e apesar de tudo a música ainda dita o filme: você vê jovens de vinte anos se maravilhando com violinos, contrabaixos e pianos.

Para baixá-lo [legendado]: Filmes com Legenda

Um comentário:

Carol Winchester disse...

me deu vontade de ver burlesque agora, haha.

assim que eu terminar minha maratona de seriados vou ver burlesque, lellebelle (?) e kamikaze girls (que estou enrolando desde o ano passado)

e esse vai ser o melhor carnaval de todos. qqq