Eu adoro responder e-mails que as meninas mandam pra Descapricho, que como vocês sabem, é um projeto novo. E esses e-mails me levaram a fazer o post de hoje. Primeiro vem a parte incrível: não estamos sozinhas. Há muitas, muitas meninas que se sentem ultrajadas, insultadas pelas atuais revistas teens. E quando elas souberam da Descapricho, foi como, sei lá, uma espécie de frenesi. Mas o que me chama atenção não é isso, e sim a quantidade de garotas que chegam e falam: "obrigada... nós estamos nos sentindo muito melhor".
O número de gente que diz "eu me sinto bem quando leio Desch" só aumenta. Como fóssemos porta-voz das inseguranças femininas. E eu até entendo: a gente procura tanto fugir daquele drama de que temos que ser perfeitas para sermos garotas legais e populares. Porque nós não somos garotas legais e populares. Nós temos nossas neuroses, inseguranças e dramas pessoais e devo dizer: as revistas teens só pioram isso.
A adolescência é um período meio complicado. É relativamente novo o conceito, afinal antes dos anos 50, não havia lá essa definição. Menstruou, a menina já virava mulher e pronta pra casar. Ou era criança ou era adulto, com poucas variantes. Mas não hoje. Hoje decidimos que dos 9 aos 12, é a pré-adolescência, dos 12 aos 18 é a adolescência. E há quem discute que a adolescência se prolonga até os 30 com algumas pessoas. Não vamos entrar no mérito médico, e sim na definição de que adolescente é algo que não é criança, nem adulto. É a época que a pessoa tem que parar com as brincadeiras bestas, mas pequenas loucuras e rebeldias são rapidamente perdoadas.
E há ainda toda uma indústria específica para nós, como as revistas adolescentes. Revistas adolescentes que esclarecem nossas dúvidas sobre sexo, menstruação, moda, comportamento. E são essas mesmas revistas que dão dicas de como nos aceitar melhor que muito sutilmente impõem um padrão, o clássico que vocês já conhecem. Não quero tratar aqui de como as revistas são cruéis e tal. Eu só quero falar de como eu fico feliz quando vejo que essas garotas se sentem em casa.
A vida é cruel, e não importa a época e o lugar, continuaremos tendo um padrão predominante. Sonhar com um mundo sem padrões é quase utopia. Sair dele exige coragem - e isso inclui até coisas aparentemente bobas como usar esmalte vermelho quando tá todo mundo usando cores clarinhas (em alguma época passada, esmalte vermelho significava ousadia e sensualidade, e poucas mulheres se arriscavam). Exige coragem porque é difícil dar uma esnobada, é difícil dar boas respostas, é difícil se preparar para ouvir coisas nem sempre legais. E quando essas garotas chegam e dizem: "obrigada, porque eu me sinto bem" ou como uma mandou e-mail dizendo (em resumo) "que agradecia porque se sentia feliz na Descapricho, porque lá ninguém ficava dizendo a ela que ela precisava ter curvas e cabelo liso pra atrair garotos", eu realmente me sinto grata - e um tanto de responsabilidade.
Revistas: o ego adolescente é frágil, seja de homem ou mulher. Quando vocês só colocam meninas do mesmo padrão na capa e nas matérias, indiretamente estão falando: sejam como elas. Quando vocês dão uma importância absurda para as opiniões masculinas até mesmo em relação à cor do esmalte, vocês estão como que dizendo as maneiras de agradar ao macho. E isso não é legal, porque as meninas já vivem em uma sociedade que ainda acredita que casamento resolve as coisas e já tem competições pequenas em relação a 'mais bonita'. E elas se sentem inseguras, porque acham que nenhum garoto vai gostar delas. Além da insegurança, ainda semeia a idéia de que temos que agradar aos garotos, o que só fragiliza mais ainda nosso ego.
Garotas, eu sei que a sociedade é cruel. Eu sei que há um conceito muito forte que as gostosonas são meio burras e eu sei que as mulheres brancas e loiras são mais valorizadas pela mídia em geral. Mas isso não é, nem de longe, a idéia que você deve aceitar. Sentir-se bem consigo mesma quando você não está dentro do padrão (o que é fácil, considerando que o padrão é surreal, totalmente Photoshop) é um exercício de auto-estima, de auto-aceitação, de auto-tudo, rs. É complicado pra caramba, eu sei. Nem eu mesma - que falo demais disso e assumi conteúdo feminista o suficiente pra rebater tudo (por enquanto) - consigo ficar sempre ok comigo mesma. É chato pra caramba, é um porre.
E por mais que a gente diga 'quer saber? Foda-se', a gente nunca vai realmente mandar tudo se foder (com o perdão da palavra). Querendo ou não, a gente tem que ir junto com a sociedade. Ir contra ela é dar murro em ponta de faca. Ir contra ela exige um preço que muita pouca gente pagaria. Há lojas em que uma escova no cabelo faz a diferença entre ter emprego e ser desempregada (inclusive há algumas lojas de cosméticos que exigem que suas vendedoras façam chapinha). Há empresas que não contratam tatuados ou pessoas de cabelos coloridos como rosa, verde e roxo. Há escolas em que alunos gays são expulsos. Há famílias que obrigariam seus filhos a irem pra igreja todo dia se o ateísmo deles se fizesse presente. E há milhares de garotas que tem na cabeça a noção arraigada de que precisamos sermos bonitas e cheirosas para os homens, e puras e decentes sempre. Porque vocês sabem: os homens separam as mulheres em "para casar" e "para pegar". Obviamente não são todos e imagino que isso se perca quando eles crescem. Mas os adolescentes fazem isso e inclusive declaram que uma menina "pra pegar" não é "pra casar" porque tem menos valor, já que se dá menos ao respeito.
E isso é outra coisa que as meninas se sentem incomodadas, já reparei. Elas assumiram que se não dão ao respeito, ninguém vai respeitá-las, muito menos os meninos. Mas esse tipo de conceito não é um conceito chauvinista? Porque não separamos os homens em indecentes e decentes. Há as divisões 'galinha', 'romântico' e etc, mas eu nunca vi homens sendo destratados por serem galinhas, assim como vi garotas sendo destratadas por serem "pra pegar" (e o que eu presenciei foi humilhação, exclusão e pequenas fofocas. Mas por ser uma garota que não se deu ao respeito, então porque a direção da escola se preocuparia? -não, não foi na minha atual escola). E eu realmente fico me sentindo tão ofendida com isso!
Pois bem, comecei falando dos e-mails e terminei falando disso. Uma coisa leva a outra.
É. Por mais anos que passem e por mais que as feministas lutem, ainda persiste o ideal da Amélia mesclada a boa mulher que deve dar conta do marido, filhos, trabalho, casa, pais, amigas, o escambau. Mesmo que neguemos, o machismo ainda está tão forte na sociedade brasileira...
O número de gente que diz "eu me sinto bem quando leio Desch" só aumenta. Como fóssemos porta-voz das inseguranças femininas. E eu até entendo: a gente procura tanto fugir daquele drama de que temos que ser perfeitas para sermos garotas legais e populares. Porque nós não somos garotas legais e populares. Nós temos nossas neuroses, inseguranças e dramas pessoais e devo dizer: as revistas teens só pioram isso.
A adolescência é um período meio complicado. É relativamente novo o conceito, afinal antes dos anos 50, não havia lá essa definição. Menstruou, a menina já virava mulher e pronta pra casar. Ou era criança ou era adulto, com poucas variantes. Mas não hoje. Hoje decidimos que dos 9 aos 12, é a pré-adolescência, dos 12 aos 18 é a adolescência. E há quem discute que a adolescência se prolonga até os 30 com algumas pessoas. Não vamos entrar no mérito médico, e sim na definição de que adolescente é algo que não é criança, nem adulto. É a época que a pessoa tem que parar com as brincadeiras bestas, mas pequenas loucuras e rebeldias são rapidamente perdoadas.
E há ainda toda uma indústria específica para nós, como as revistas adolescentes. Revistas adolescentes que esclarecem nossas dúvidas sobre sexo, menstruação, moda, comportamento. E são essas mesmas revistas que dão dicas de como nos aceitar melhor que muito sutilmente impõem um padrão, o clássico que vocês já conhecem. Não quero tratar aqui de como as revistas são cruéis e tal. Eu só quero falar de como eu fico feliz quando vejo que essas garotas se sentem em casa.
A vida é cruel, e não importa a época e o lugar, continuaremos tendo um padrão predominante. Sonhar com um mundo sem padrões é quase utopia. Sair dele exige coragem - e isso inclui até coisas aparentemente bobas como usar esmalte vermelho quando tá todo mundo usando cores clarinhas (em alguma época passada, esmalte vermelho significava ousadia e sensualidade, e poucas mulheres se arriscavam). Exige coragem porque é difícil dar uma esnobada, é difícil dar boas respostas, é difícil se preparar para ouvir coisas nem sempre legais. E quando essas garotas chegam e dizem: "obrigada, porque eu me sinto bem" ou como uma mandou e-mail dizendo (em resumo) "que agradecia porque se sentia feliz na Descapricho, porque lá ninguém ficava dizendo a ela que ela precisava ter curvas e cabelo liso pra atrair garotos", eu realmente me sinto grata - e um tanto de responsabilidade.
Revistas: o ego adolescente é frágil, seja de homem ou mulher. Quando vocês só colocam meninas do mesmo padrão na capa e nas matérias, indiretamente estão falando: sejam como elas. Quando vocês dão uma importância absurda para as opiniões masculinas até mesmo em relação à cor do esmalte, vocês estão como que dizendo as maneiras de agradar ao macho. E isso não é legal, porque as meninas já vivem em uma sociedade que ainda acredita que casamento resolve as coisas e já tem competições pequenas em relação a 'mais bonita'. E elas se sentem inseguras, porque acham que nenhum garoto vai gostar delas. Além da insegurança, ainda semeia a idéia de que temos que agradar aos garotos, o que só fragiliza mais ainda nosso ego.
Garotas, eu sei que a sociedade é cruel. Eu sei que há um conceito muito forte que as gostosonas são meio burras e eu sei que as mulheres brancas e loiras são mais valorizadas pela mídia em geral. Mas isso não é, nem de longe, a idéia que você deve aceitar. Sentir-se bem consigo mesma quando você não está dentro do padrão (o que é fácil, considerando que o padrão é surreal, totalmente Photoshop) é um exercício de auto-estima, de auto-aceitação, de auto-tudo, rs. É complicado pra caramba, eu sei. Nem eu mesma - que falo demais disso e assumi conteúdo feminista o suficiente pra rebater tudo (por enquanto) - consigo ficar sempre ok comigo mesma. É chato pra caramba, é um porre.
E por mais que a gente diga 'quer saber? Foda-se', a gente nunca vai realmente mandar tudo se foder (com o perdão da palavra). Querendo ou não, a gente tem que ir junto com a sociedade. Ir contra ela é dar murro em ponta de faca. Ir contra ela exige um preço que muita pouca gente pagaria. Há lojas em que uma escova no cabelo faz a diferença entre ter emprego e ser desempregada (inclusive há algumas lojas de cosméticos que exigem que suas vendedoras façam chapinha). Há empresas que não contratam tatuados ou pessoas de cabelos coloridos como rosa, verde e roxo. Há escolas em que alunos gays são expulsos. Há famílias que obrigariam seus filhos a irem pra igreja todo dia se o ateísmo deles se fizesse presente. E há milhares de garotas que tem na cabeça a noção arraigada de que precisamos sermos bonitas e cheirosas para os homens, e puras e decentes sempre. Porque vocês sabem: os homens separam as mulheres em "para casar" e "para pegar". Obviamente não são todos e imagino que isso se perca quando eles crescem. Mas os adolescentes fazem isso e inclusive declaram que uma menina "pra pegar" não é "pra casar" porque tem menos valor, já que se dá menos ao respeito.
E isso é outra coisa que as meninas se sentem incomodadas, já reparei. Elas assumiram que se não dão ao respeito, ninguém vai respeitá-las, muito menos os meninos. Mas esse tipo de conceito não é um conceito chauvinista? Porque não separamos os homens em indecentes e decentes. Há as divisões 'galinha', 'romântico' e etc, mas eu nunca vi homens sendo destratados por serem galinhas, assim como vi garotas sendo destratadas por serem "pra pegar" (e o que eu presenciei foi humilhação, exclusão e pequenas fofocas. Mas por ser uma garota que não se deu ao respeito, então porque a direção da escola se preocuparia? -não, não foi na minha atual escola). E eu realmente fico me sentindo tão ofendida com isso!
Pois bem, comecei falando dos e-mails e terminei falando disso. Uma coisa leva a outra.
É. Por mais anos que passem e por mais que as feministas lutem, ainda persiste o ideal da Amélia mesclada a boa mulher que deve dar conta do marido, filhos, trabalho, casa, pais, amigas, o escambau. Mesmo que neguemos, o machismo ainda está tão forte na sociedade brasileira...
P.S.: a barra continua soltando. Vou fazer como Aline recomendou, parece que quebrou uma pecinha que 'firma' a barra, por isso que solta. Mas como colar isso sem ferrar com o botãozinho da barra?
P.S.: o meu texto anterior ficou em 1º lugar na Blorkutando, só agradeço! ;*
4 comentários:
oii,concordo tava até pensando em postar sobre isso esse padrão de beleza,essa coisa de que vc tem que agradar os homens é tudo muito idiota e com certeza não faz bem pras adolescentes.Seu blog ta no meu blog http://fazendominhaestoria.blogspot.com/ la embaixo no Eu visito,espero q vc tb me visite rs.Parabéns o blog ta ótimo!
Só vim ler seu post agora se eu tivesse lido antes teria mandado como resposta para menina que me criticou nos meus comentários por ter indicado o DESCH! Francamente --'
Concordo com tudo que você disse agente pode até mudar algumas coisa mas tudo não tem como! As revistas nunca vão deixar de colocar meninas magras nas matérias etc. Adoro o seu blog e o DESCH e me sinto muito bem lendo os dois! Me sinto bem em ler algo escrito por alguém que não é 10 anos mais velho do que eu e que realmente entende tudo que estou vivendo!
E sobre a tecla novamente: a peça quebrou mesmo? Digo, a minha apenas tinha "se desencaixado" (não sei como explicar melhor) e foi só concertar a peça e colocar a tecla de volta! De qualquer forma tenho certeza que tem como ajeitar isso sem precisa comprar um novo teclado ou pagar muito caro pelo concerto! Será que você não tem um conhecido que saberia ajeitar? Ou alguém que saiba onde isso pode ser concertado! Porque tecla saindo é um inferno mesmo!
Mil beijos ;*
Eu nem sei porque eu me importei com o comentário dela, se ela não gosta problema dela -_-' Tsc tsc não vou perder meu tempo com gente assim!
E o tutorial é bom só discutir a ideia quando o blog tiver mais "famoso"
Espero que você consiga concertar a tecla *cruza os dedos*
E eu comecei a acompanhar o blog da Ichigo por causa que vi o link no seu! Sempre me interessei por lolitas, mas nunca fiz por falta de tempo, dinheiro e tal! Eu ia amar muito se você escrevesse sobre Lolitas *o*' Eu tou aprendendo a costurar e tava pensando em fazer um outfit, mas não sei nem por onde começar D:
Enfim....beijos e obrigada por comentar lá no meu blog ;*
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